O consenso quase comum de que locais de trabalho diversificados são benéficos e essenciais para os negócios têm alavancado a questão da diversidade e inclusão na força de trabalho, gerando ações positivas como nunca antes.
Mas se os números mostram vantagens tão grandes, por que mulheres, pessoas negras, LGBTQIA+, PCD e outros grupos considerados minoritários ainda lutam por mais oportunidades nas organizações?
Neste artigo, você verá como a cultura e a liderança são essenciais para a diversidade nas organizações. Além disso, encontrará 4 dicas de como tornar a diversidade algo real em sua empresa. Vamos lá?
A cultura como fator chave para a diversidade
Já é comprovado que empresas com alta diversidade desenvolvem os melhores talentos, aumentam o envolvimento dos colaboradores e impulsionam o relacionamento com o cliente.
Além disso, empresas e equipes diversificadas oferecem uma variedade de ideias, perspectivas e oportunidades de aprendizagem.
Uma pesquisa da Development Dimensions International descobriu que organizações com diversidade acima da média têm 8 vezes mais probabilidade de estar entre as 10% melhores em desempenho financeiro.
Os negócios estão cada vez mais globais e se as pessoas em sua empresa não refletem o que a sociedade é, em sua máxima diversidade, talvez a organização não esteja adequada às necessidades atuais.
Segundo uma pesquisa da Gallup:
- 55% das pessoas concordam que suas organizações possuem políticas que promovem a diversidade e a inclusão;
- 90% das pessoas que afirmam não ser tratadas com respeito também sofreram discriminação ou assédio no trabalho.
Contudo, quando falamos deste tema, é importante fazer a separação dos termos diversidade e inclusão.
Enquanto a diversidade depende de quem você contrata, a inclusão é uma estratégia para usar pontos fortes e exclusivos de cada pessoa para aumentar a contribuição individual, a colaboração da equipe e o valor para o cliente.
A inclusão inclui uma série de processos, práticas e alinhamentos funcionais e organizacionais para que as pessoas representantes de grupos minorizados possam ter reconhecimento e progressão de carreira nas organizações.
É por isso que a diversidade e inclusão dentro da organização são reflexos da cultura adotada.
Como construir uma cultura de diversidade e inclusão nas organizações?
Os colaboradores que se sentem aceitos e respeitados aplicam o que têm de melhor em seu trabalho. No entanto, as políticas de inclusão não mudam nada, a menos que a cultura mude também.
Vale ressaltar que essa cultura só se torna realidade quando há estratégias e indicadores do negócio que apontem para tal. Além disso, como a cultura é forjada pelos líderes, de nada adianta contar com boas políticas e ações de D&I sem que a alta liderança esteja sensibilizada com o tema.
Portanto, o primeiro passo para a construção de uma cultura de diversidade real é envolver a alta liderança, seja pela conscientização social, seja por indicadores que provem a melhora do negócio. De acordo com a Gallup, uma cultura que abraça a diversidade deve sustentar três pilares:
1- Respeito
O pontapé inicial para uma cultura de diversidade eficaz é que todas as pessoas da organização se tratem com respeito.
2- Apreciar características únicas
Os líderes devem incentivar que os membros da equipe desenvolvam suas singularidades, inspirando as pessoas para que cada um possa ser quem realmente é.
3- Os líderes fazem o que é certo
A liderança deve servir como espelho para o resto da organização. Assim, seus comportamentos e decisões devem refletir as novas práticas exigidas para um ambiente mais equânime e diverso.
Este processo de transformação cultural envolve um processo profundo de identificação de vieses conscientes e inconscientes, assim como de práticas cotidianas da organização.
O papel dos líderes no processo de diversidade e inclusão
Para iniciar ações de diversidade no local de trabalho, os líderes precisam de uma estratégia que combine objetivos e processos adequados para criar mudanças de forma sustentável.
As lideranças podem transformar boas intenções em realidade, criando experiências claras e alinhando valores e perspectivas. Só assim será possível priorizar ações e medir o progresso.
A Gallup elenca 3 passos que podem te ajudar nesse processo de transformação da cultura e criação de experiências para as equipes.
1. Avalie o estado atual da organização
Avaliar dados quantitativos e qualitativos da empresa para que consigam estabelecer as prioridades, definir metas e cronogramas realistas e construir programas formais para promover o desenvolvimento de forma mais equânime.
2. Planeje o estado futuro da organização
Uma vez que as prioridades relacionadas à diversidade são identificadas, selecione e treine um time para orientar, executar e defender uma estratégia adaptada ao plano.
3. Mantenha o foco
Expectativas claras apoiam a dedicação individual e coletiva contínua. O papel ativo e visível dos líderes transmite os valores da empresa, dá o exemplo para os colaboradores e ajuda a manter o ímpeto. Portanto, é imperativo que os líderes pratiquem o que pregam.
Com a cultura certa, um bom plano e dedicação dos líderes, as empresas podem criar uma experiência especial para todos e conquistar resultados reais.
4 passos para tornar a diversidade real em sua organização
Um artigo da Harvard Business Review mostra que, devido às tendências sociais e políticas, muitas empresas estão melhorando suas práticas de contratação e/ou introduzindo o treinamento de diversidade e inclusão (D&I).
No entanto, muito deste trabalho ainda não criou raízes. De acordo com a Hack Future Lab, 93% dos líderes concordaram que a agenda de diversidade é uma prioridade, mas apenas 34% acreditam que é um ponto forte em seu local de trabalho.
Por isso, estudando conteúdos da Harvard Business Review, destaco 4 estratégias que podem transformar a diversidade em uma vantagem estratégica para sua empresa:
1. Liderança pelo exemplo
Os líderes precisam assumir uma posição de destaque, incorporar a diversidade e a inclusão no propósito da organização, exemplificar a cultura, trabalhar sua autoconsciência, reconhecendo seus próprios vieses e preconceitos para atuar neles de forma efetiva e assumir uma postura proativa em direção às metas.
2. Estratégia de negócios
A diversidade é muito mais do que uma “questão de RH”. Deve ser um ingrediente central na concepção e execução da estratégia de negócios e incorporada nas atividades da organização no dia a dia.
3. Ruptura de vieses
As organizações devem se concentrar em extinguir o preconceito enviesado nos processos de tomada de decisão. Para isso, é necessária uma investigação completa das políticas e processos para entender quais limitam a empresa.
4. A liderança deve ser treinada
O treinamento de diversidade e inclusão é mais eficaz quando faz parte de uma abordagem estratégica de toda a empresa. Isso incluindo tanto a conscientização quanto o desenvolvimento de habilidades. Ele deve ser acompanhado ao longo do tempo.
Essas 4 estratégias podem ajudar as lideranças a progredirem mais e criarem equipes mais representativas, equânimes e de alto desempenho.
Mas a verdade é que há cada vez mais um consenso geral sobre a necessidade de melhorar a diversidade e a inclusão no local de trabalho. Agora pensa aí: como sua organização enxerga a diversidade? A liderança está a par do seu papel nesse processo?
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Até a próxima!
Por Renato Curi, sócio-diretor e head de Design de Aprendizagem da Crescimentum