Muitas equipes carecem de um bom motivo para estarem engajadas e unidas. E a sua?
Tendo viajado por três continentes, para países como Tailândia, Cambodia, Singapura, México, Nova Zelândia, Chile, Argentina, Peru, Bolívia entre outros, fico fascinado ao encontrar pessoas que falam de suas nações com orgulho e sentem paixão pela sua terra.
Pessoas que não cansam de enaltecer o positivo, que sentem-se honradas e saúdam seu país com uma bandeira na porta de sua casa. Obviamente, isso me fez questionar o porquê a maioria de nós, brasileiros, não tem o mesmo orgulho.
Analisando sistemas sociais menores, passei a refletir também nas equipes das quais já fiz parte e aquelas com as quais já tive contato, como trainer e consultor. O quê fez com que em algumas equipes houvesse um sentimento de orgulho por parte de seus integrantes, ao dizer que trabalhavam nela, equipes nas quais os integrantes defendiam seus colegas e sua cultura com entusiasmo, e, em outras, no entanto, as pessoas sentiam vergonha ou indiferença, escondiam que faziam parte daquela equipe ou, até mesmo, denegriam a imagem da própria equipe para as demais áreas?
Para responder essa pergunta te convido a voltar para a análise das nações. Os chilenos, por exemplo, são um povo cuja sobrevivência foi desafiada. Tiveram que se unir e lutar, apesar das diferenças entre eles, por uma causa, pela sua terra, pela independência, enfim, por um propósito.
Algo tão forte, compartilhado por milhares de pessoas. Lutaram por algo que valia a pena o sangue e o suor. Pelo bem comum. Fato esse que tornou possível ascender um sentimento de identificação entre as pessoas. O Brasil, por outro lado, obteve sua independência sem a mesma mobilização social, sem tantas lutas.
Imaginem as consequências disso quando se trata de um vínculo com “a terra”. Não experimentamos a sensação do esforço recompensado, nem tivemos a experiência de nos unirmos por um motivo tão nobre. Certamente o valor dado à bandeira se torna inferior. A capacidade de agregar as pessoas também se mostra reduzida.
E nas equipes? Talvez você faça parte de uma equipe sem senso de propósito, em que as pessoas pisam “na terra” (na empresa) sem o devido respeito, que não valorizam o espaço conquistado na organização, atuam de forma isolada e sem um sonho compartilhado.
Claro que construir uma equipe, na qual as pessoas são engajadas e unidas, é um desafio que demanda esforços. Também é evidente que, se as equipes que você faz parte hoje podem evoluir nessa busca, o primeiro passo pode ser dado por qualquer um, inclusive você.
Quem sabe você pode ser aquele que levanta a bandeira e gera a mudança. Aquele que começa a questionar a identidade da área, a missão, o propósito. Pergunte-se e indague seu líder e colegas: Qual o motivo de existência da nossa área para companhia? Qual a diferença que queremos causar?
O que queremos alcançar/construir enquanto equipe? Aonde queremos estar em 1 ano? A ideia por trás disso é despertar um porque nos integrantes da equipe. De alguma forma, fazê-los com que reflitam, dialoguem e definam um propósito que os impulsionem a acordarem e trabalharem todos os dias dispostos a oferecerem o melhor.
Ter um porque que direcione os esforços dos integrantes da equipe no mesmo sentido, que ajude a priorizar atividades e projetos de acordo com o que é mais importante, que influencie os comportamentos de todos em busca do bem comum e da cooperação. A Disney tem como motivo de existir “fazer as pessoas felizes”.
E a sua área? Qual o propósito dela existir?
Por Renato Curi, sócio-diretor da Crescimentum