Se a agilidade já era uma pauta em foco antes mesmo da COVID-19, hoje, ela é um verdadeiro ingrediente para o sucesso. No entanto, experiências frustradas de organizações têm mostrado que a agilidade exige muito mais do que métodos: é preciso criar uma cultura de mindset ágil!

Implementar uma cultura ágil na sua organização passa por crenças, comportamentos e mindsets. E é sobre isso que falaremos hoje.

Neste artigo, você saberá mais sobre a importância do mindset ágil na reconstrução de times e organizações, garantindo cada vez mais a perenidade deles e obtendo sucesso no novo normal. Boa leitura!

Por que ágil e por que agora?

Se a agilidade já era essencial para as organizações antes da pandemia, hoje, ela com certeza ganha um tempero especial para a sobrevivência e perenidade de nossas empresas. 

Inclusive, realizei um webinar falando mais sobre este tema recentemente, e você pode acessar o conteúdo clicando aqui!

Algumas organizações chegam aos nossos treinamentos de liderança e gestão da cultura um pouco frustradas, com a seguinte dor: a gente não tem respondido de maneira tão rápida diante das mudanças que a pandemia trouxe. 

Muitas empresas compartilham deste dilema! Eu já vivi isso e você provavelmente também. Afinal, muitas organizações ainda possuem um cotidiano permeado por práticas que podem “barrar” a agilidade de processos. 

Esse tipo de frustração que a maioria dos profissionais vive, em maior ou menor grau, passa por um cenário de que: entre ter uma ideia, testá-la e executá-la, vai um tempo longo. 

Isso tem preocupado e comprometido as entregas de diversos profissionais, especialmente quando pensamos que vivemos em um mundo cada vez mais rápido, instável e competitivo. Assim, muitas vezes uma ideia tida há algum tempo, já não faz mais sentido em semanas! 

Esse tempo de resposta longo tem sido uma preocupação latente de profissionais que compreendem isso. 

Em contrapartida, algumas empresas vivem uma realidade oposta neste momento de crise. Enquanto, há alguns meses, a criação de um produto levaria um tempo longo, hoje, alguns profissionais estão surpresos com suas entregas rápidas e eficazes!

Então, a pergunta que quero te convidar a fazer é: por que essa não é uma condição constante e “normal” para as organizações? 

O que falta para que nossas organizações se tornem mais ágeis?

Muito desse cenário é fruto de um histórico de empresas que ainda não tiveram uma revisitação de “quem somos” e “como devemos operar daqui em diante”, nesse novo contexto. É daí que surge o mindset ágil. 

Esse mindset parte de um dilema: como podemos garantir a perenidade de nossos negócios, sendo que já existem dados de que o ciclo de vida das empresas está diminuindo cada vez mais? 

Isso nos faz pensar em como podemos reagir diante de um cenário que exige adaptabilidade. Tornar as empresas adaptáveis ao contexto de mudanças constantes é primordial para responder a essa dúvida!

Quando falamos sobre mindset ágil, precisamos de organizações feitas por pessoas e líderes que sejam disruptivos! 

Ao mesmo tempo em que essas pessoas observam o que garantia o sucesso no passado, elas são capazes e observar as mudanças que acontecem no mundo. 

A necessidade de equilíbrio, trabalho e lazer cada vez mais em voga. A mobilidade que agora, pós-pandemia, certamente veio para ficar. Um repensar dos líderes em relação a controle versus confiança.

O atual momento é para repensar! Essa fase exige de nós uma mudança de valores, comportamentos e mindsets, que é o que sustenta o ágil. O ágil é a resposta à taxa de mudança externa acelerada. Não é fazer rápido, isso é uma consequência. 

Tem a ver com adaptabilidade! Então, a pergunta que quero te fazer é: de 1 a 10, quanto o seu time e você são adaptáveis? Quanto vocês reagem a feedbacks de clientes? O quanto toma-se novas decisões para melhorar continuamente?

O papel da liderança no mindset ágil

Pensando em tudo isso, gosto de definir o ágil da seguinte maneira: 

Ágil é um conjunto de valores, mindsets e práticas que criam condições de responder mais rapidamente às mudanças externas. E isso promove resultado!

Portanto, ágil é entrega de valor contínua em constante melhoria, adaptação e evolução. O ponto é: quais qualidades culturais precisamos para responder rapidamente a essas mudanças?

Muitos profissionais implementam metodologias de forma eficaz e prática, mas não conseguem de nenhuma forma incluir o mindset ágil às práticas cotidianas nas organizações. 

Para que você entenda como esse cenário é recorrente, uma pesquisa realizada pela Harvard Business Review identificou que:

Apesar de 68% dos CEOs de diversas empresas entenderem que os colaboradores precisam trabalhar de forma mais ágil, apenas 44% veem esse perfil em suas organizações.

A liderança tem um papel central nisso. Afinal, líderes que não conseguem ter clareza do que é prioridade não passam para a organização esse mindset, centralizando o processo de decisão e tornando as coisas muito mais tradicionais. 

Se a sua organização se encontra com essa realidade atualmente, você pode colocar Scrum, Kanban, o que for em termos de práticas! Sem a transformação da sua liderança e da cultura da sua organização, sua empresa não será ágil.

Organizações ágeis x organizações comuns

Uma pesquisa realizada pela McKinsey traz dados que tornam tudo o que conversamos muito mais visualizável. A partir deles, você entenderá melhor o impacto da falta de agilidade nos resultados do seu negócio:

organizações ágeis

Todos esses dados apontam que as práticas ágeis aumentam a performance, seja quando falamos em estratégia, infraestrutura, pessoas, e por aí vai. 

O mindset ágil nos permite alcançar melhores resultados mas, para isso, devemos conversar com pessoas, ouvir clientes, entender como solucionar melhor problemas de acordo com feedbacks, dar autonomia para as pessoas, entre outros.

No final de contas, é tudo sobre pessoas! 

4 valores de uma cultura de mindset ágil 

Conhecendo algumas práticas ágeis, junto aos nossos clientes, identificamos a importância disso ser um aspecto cultural das equipes, por meio de mindsets, valores internos, comportamentos e práticas. 

Quando começamos a tentar hackear o que estava por trás dos valores, nós até surgimos com uma avaliação de um líder ágil e isso poderia ser enquadrados em 4 principais valores.

Certamente, nenhum surge como uma grande novidade, mas eles ajudam a sintetizar. A partir desses pilares, você poderá repensar alguns conceitos fáceis de entender, mas difíceis de ser implementados na prática:

1- O cliente é o centro

Em um mundo com inúmeras opções, com diversos caminhos de escolha, o poder está na mão do cliente. 

Trazer o cliente e a experiência ao centro de tudo é essencial, porque ele tem um mundo infinito de opções nas palmas da mãos. 

Para isso, pense: que processos não trazem valor ao cliente? Reflita sobre como adaptar seus processos, melhorando continuamente e olhando para onde o cliente olha. 

2- Experimentação

Sair da previsão e controle para um ambiente de maior experimentação e aprendizagem. Isso só é possível criando uma cultura de aceitação do erro inédito. Afinal, o medo de errar é um dos grandes entraves na implementação de uma cultura ágil!

As pessoas precisam ter a liberdade de ser elas mesmas, pois só assim é possível chegar a soluções inovadoras para o seu negócio, caminhando para uma melhoria contínua. 

Muitas organizações são desenhadas para não permitir esse tipo de comportamento, o que gera medo aos colaboradores sem proporem novas formas de fazer as coisas. 

3- Colaboração

Apenas com colaboração é possível realizar mudanças que encaminham a sua organização para uma evolução contínua. 

Para isso, é preciso deixar de lado aquela tradicional hierarquia rígida. Afinal, uma organização mais horizontal permite maior inovação e, consequentemente, entregar melhores, mais ágeis e que gerem valor ao cliente.

Fomente o diálogo entre as pessoas, porque apenas assim é possível compreender diversos pontos de vista sobre um tema, o que enriquece o seu produto, entrega ou serviço.

4- Autonomia

Sair de grupos dirigidos para equipes mais autogerenciáveis. Nesse ponto, ter lideranças que indagam mais “o que?” do que “como?”, é primordial. 

A autonomia não é algo que entra em foco apenas hoje, em tempos de home office. Esse já é um ponto discutido há muito tempo! Só que hoje, esse valor ganha uma importância ainda maior.

As pessoas precisam ter autonomia para realizar seu trabalho, especialmente em um momento de mudanças constantes. A tomada de decisão, quando hierarquizada, impede a agilidade necessária para o novo normal. 

A autonomia é como um convite a todos para assumirem o protagonismo da história de sucesso da sua organização, e não apenas a liderança. Isso deve partir tanto dos líderes quanto dos colaboradores. 

Crie uma cultura de mindset ágil

É importante entender que esse é um processo realizado de dentro para fora. Algo que quero reforçar é que uma cultura de mindset ágil não significa a ausência de regras ou de hierarquia. 

Trata-se, simplesmente, de minimizar o impacto que essas estruturas podem ter na busca de novas soluções, agilidade, adaptação e inovação do seu negócio! 

A mudança da cultura começa por meio do diálogo, por isso, ouça pessoas e encontre soluções que possam ser implementadas de dentro para fora. 

Uma mudança cultural é um processo longo e que exige muito trabalho. No entanto, os benefícios que você obterá para seus colaboradores, líderes e organização como um todo, com certeza vale a pena todo o esforço! 

Espero que esse artigo tenha te ajudado e se quiser continuar o bate-papo, é só me chamar no LinkedIn!

Até a próxima!

Por Renato Curi, sócio-diretor da Crescimentum