É fato que o mundo do trabalho está mais dinâmico do que nunca e que toda essa inconstância trouxe uma reformulação no que conhecemos como plano de carreira. Agora, a bola da vez é a chamada “carreira em nuvem”.
Você já ouviu falar no termo? Mesmo que não, já deve saber que modelos predefinidos e com estrutura hierárquica não representam mais o mercado, não é?
Hoje, a livre movimentação, a autonomia e o protagonismo são o que contam. Profissionais não querem mais estruturas rígidas, o que significa que as empresas precisam repensar a forma como enxergam a construção da carreira e que as lideranças terão que lidar com o desafio de compreender a carreira sob uma nova perspectiva.
É daí que surge o conceito de carreira em nuvem, com a promessa de mais agilidade, inovação e integração.
Estudei mais sobre o tema e reuni tudo de mais importante aqui nesse artigo: conceito, aplicação e como a liderança pode lidar com esse desafio de compreender a carreira sob uma nova perspectiva. Espero que goste!
O que é carreira em nuvem?
Se tem algo que a pandemia nos ensinou, é que a flexibilidade veio para ficar.
Agora, as pessoas querem mais autonomia sobre onde, como e quando trabalhar. Uma pesquisa da McKinsey descobriu que 29% das pessoas afirmam que provavelmente mudarão de emprego se forem obrigadas a trabalhar exclusivamente no presencial.
O que também significa que é cada vez mais comum que profissionais procurem atividades que façam mais sentido para seus projetos de carreira e vida.
É justamente esse sistema flexível que chamamos de carreira em nuvem: um modelo com um conjunto de possibilidades não-lineares em que as pessoas, por meio de conversas com a liderança, podem exercer o protagonismo sobre suas carreiras.
O que também quer dizer que as organizações do futuro precisam ser flexíveis e dinâmicas para engajar bons e boas profissionais.
Uma pesquisa da Gartner aponta que 52% dos/as profissionais saíram da última empresa por não terem espaço para se desenvolver profissionalmente. Aí está um motivo bem claro do por quê repensar nesse tema é urgente, não?
Outro ponto importante é que esse conceito surge como uma forma de atender os novos talentos. A flexibilização nos modelos de gestão, carreira e hierarquia é um atrativo para as novas gerações, que tem pressa e não gostam de estruturas rígidas.
Como a carreira em nuvem funciona na prática?
Agora que você sabe o que carreira em nuvem é, pode se perguntar “e como isso se aplica no dia a dia?”
A resposta é até simples. Segundo Rafael Souto, criador do conceito e CEO da consultoria Produtive, em vez de trajetórias lineares e rotas definidas, a tendência é que cada vez mais as pessoas se envolvam em projetos e equipes multidisciplinares.
Squads e hubs são ótimos exemplos. Afinal, são estruturas flexíveis que reúnem profissionais de diversas áreas para um determinado objetivo.
Mas para que esse sistema funcione, existe uma regra: a escolha deve vir da pessoa e não ser uma imposição da empresa.
No cenário da carreira em nuvem é importantíssimo dar abertura para que as pessoas possam mostrar seus interesses, dúvidas e até mesmo, se preferirem, continuem trilhando caminhos mais tradicionais.
O importante é que a organização continue inovando com colaboração, criatividade e agilidade, por meio de diferentes pessoas, diferentes áreas e diferentes perfis.
Para isso, manter diálogos mais regulares, estruturados e que favoreçam a liberdade de movimentação das pessoas são formas de colocar esse tema em prática de forma descomplicada.
Os desafios da carreira em nuvem
Mas não é da noite para o dia que as empresas vão se adaptar a esse modelo.
É preciso sensibilizar a organização sobre a importância da pauta e começar, testar e corrigir. É hora do erro inédito!
Lendo o conteúdo brilhante do Rafael para a Você RH, separei 3 grandes desafios para que a carreira em nuvem seja algo real no dia a dia da sua empresa:
1- Mudança de modelo mental da liderança
Durante muito tempo, o mundo do trabalho funcionou no esquema de comando e controle. Mas, para que o conceito de carreira em nuvem seja aplicável, é fundamental que a liderança compreenda que a carreira é individual.
O papel dos e das líderes é facilitar a fluidez dessa jornada com diálogos transparentes, compreendendo os interesses dos times para apoiá-los nessa construção.
É fundamental engajar a liderança sobre a importância das estruturas flexíveis como forma de acelerar os resultados do negócio e permitir que as pessoas tenham mais opções de movimento.
2- Construção de uma cultura de protagonismo
Embora haja uma tendência crescente de maior flexibilidade, protagonismo e autonomia na carreira, um estudo recente da Fuel50 mostrou que 65% dos/as profissionais ainda esperam que a empresa ofereça um plano de carreira definido.
É uma questão cultural, já está sendo desconstruída aos poucos. No entanto, isso parte da criação de uma nova cultura, na qual profissionais passem a ser os verdadeiros responsáveis por trilharem sua jornada.
Mostrar ferramentas para que as pessoas possam construir suas próprias estratégias de carreira, estimular diálogos e criar momentos estruturados para as discussões sobre desenvolvimento profissional são ótimos caminhos.
3- Fim da hierarquia, rigidez e burocracia
O modelo organizacional tradicional – com organograma rígido – não atende mais às necessidades de negócio e às aspirações de muitos/as profissionais. Assim, a troca do controle pela flexibilidade se torna ainda mais urgente do que antes.
Isso pode ajudar não apenas quando pensamos em carreira, mas pensando em inovação, agilidade, bem-estar e desenvolvimento.
Preparando sua organização para o futuro
Hoje, mais do nunca, a capacidade de contribuição de uma pessoa pode estar muito além do cargo que ela ocupa.
Ampliar a autonomia e dar oportunidades para colaboradores/as desenvolverem competências fora do escopo de sua área são grandes tendências. Mas sua empresa está pronta?
A ideia de protagonismo do indivíduo na busca de seu desenvolvimento profissional é uma visão contemporânea sobre a carreira.
A lapidação desse novo conceito envolve um trabalho próximo com a liderança, que deve ser a principal embaixadora dessa nova forma de pensar em carreira. Afinal, o sucesso de qualquer mudança corporativa exige o engajamento liderança já que é ela quem vai cascatear todos os novos mindsets e comportamento para os times.
Para trazer o conceito de carreira em nuvem para o dia a dia das organizações, as lideranças precisam compreender a importância de desenvolver uma liderança ágil, além de uma cultura de sucessão, autonomia, feedback, empatia e do protagonismo de cada profissional.
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Espero que tenha gostado do conteúdo!
Por Veronica Ahrens, sócia-diretora da Crescimentum
Ótimo artigo