Recentemente estive em New Orleans, na capital do jazz, para uma aventura bastante especial: participar da ATD 2024.
Confesso que os três dias de evento passaram voando, mas cada momento por lá foi uma oportunidade única de aprendizado, conexão e evolução.
Para que você também possa aproveitar um pouco do que vivenciei, separei aqui 5 insights marcantes que surgiram entre uma palestra e outra. Vamos mergulhar neles agora?
1- Como trabalhar bem com quase todo mundo?
Em uma das primeiras sessões que acompanhei, Michael Stainer falou sobre como trabalhar bem com quase todo mundo. Desafiador, não? Mas vai muito além de construir amizades ou de ter afinidade: Stainer fala sobre como construir um ambiente onde as pessoas se sintam seguras para ser quem são.
E aí entra um ponto crucial: mesmo que a gente tenha “desafetos”, as opiniões de todos e todas são importantes. A partir disso, entramos em um assunto que eu particularmente gosto muito: a segurança psicológica.
Stainer compartilhou que isso se constrói no coletivo, em grupo, e que precisamos criar um ambiente onde as pessoas se sintam pertencentes, incluídas e onde suas vulnerabilidades sejam reconhecidas e respeitadas.
Ele também explorou sobre a importância de estarmos abertos e abertas para reparar o ambiente de trabalho. No fim das contas, nós temos nossas opiniões e formas de pensar, mas é importante aceitar quando alguém questiona nossas ideias, pois é isso que nos ajuda a crescer e melhorar.
2- Existe cura para a estupidez?
A palestra de Eric Bailey, autor do livro “A cura para a estupidez“, trouxe um olhar fascinante da neurociência sobre como podemos curar nossa própria estupidez.
Bailey nos lembrou que muitas vezes vivemos na ilusão de que nossas certezas são verdades absolutas e que isso é uma forma de estupidez, afinal, segundo ele, precisamos estar cientes de que nossas crenças e certezas são moldadas pelo nosso contexto e experiências, mas que não são as únicas verdades.
E que no fim, é preciso ter uma mente aberta – como um paraquedas. Isso não significa aceitar tudo, mas questionar e considerar novas ideias e perspectivas.
Afinal, ao admitir que não temos todas as respostas, pedir ajuda quando é preciso e aceitar que podemos errar, temos a oportunidade de cultivar relações ainda melhores.
3- Pausas produtivas e perguntas poderosas
Durante a palestra do Daniel Pink, autor de cinco best-sellers do New York Times, ele compartilhou práticas valiosas que colocou em ação no próprio autodesenvolvimento e que deram resultados incríveis.
Primeiro, Pink falou sobre a importância de criar uma lista de coisas para não fazer. Isso mesmo! Todos nós temos uma lista de tarefas, mas ele destacou como é essencial construir uma lista com as distrações que drenam nossa energia e desviam nosso foco.
Em seguida, ele sugeriu mudar as conversas diárias de “como fazer” para “por que fazer“, além de conectar nossas tarefas cotidianas ao propósito maior, para assim aumentar a motivação e o desempenho.
Pink também falou sobre a importância de ter pausas durante o dia – um conceito que chamamos de “oscilação” na Crescimentum. Segundo ele, pausas regulares são essenciais para manter o desempenho e não são desvios de produtividade. Ah, ele também destacou que socializar durante essas pausas pode ser ainda mais produtivo do que pausas solitárias.
Por fim, Pink enfatizou o uso de perguntas poderosas para a tomada de decisões. Perguntas como “Se você fosse substituído amanhã, o que seu sucessor faria?” que são questionamentos que podem ajudar a clarear o pensamento e orientar nossas ações.
4- Liderança é trocar o “eu” pelo “nós”
Agora vamos para a palestra de Ken Blanchard, uma lenda, ícone da liderança, coautor do icônico best-seller “O novo Gerente-Minuto” e de outros sessenta livros. Quem já estudou administração ou liderança situacional certamente lembra desse nome.
Durante a sessão, ele estava presente, sentado, com seu filho ao lado, que conduziu a apresentação trazendo conceitos e vídeos do próprio Ken.
Mesmo com seus quase 90 anos, Blanchard trouxe conceitos de 40, 50 anos atrás que continuam mais relevantes do que nunca na liderança. Ao ouvir suas palavras, percebi como essas ideias são atuais e como precisamos revisitar e refletir sobre elas.
Afinal, podemos até saber desses conceitos, mas a pergunta é: quanto realmente estamos praticando?
Primeiro, Blanchard falou sobre liderança como parceria. Ele explicou de maneira simples que liderança é trocar o “eu” pelo “nós”. Não é “trabalhe para mim”, mas “trabalhe comigo”. É um conceito básico, mas fundamental.
Para mim, um outro ponto super importante que Blanchard destacou foi que liderança é amor. E aqui ele não está falando de amor como sentimento, mas como atitude.
Amar como líder é uma responsabilidade, uma escolha de agir com cuidado, respeito e inclusão, independentemente dos nossos sentimentos pessoais. Ver Ken Blanchard, com quase 90 anos, reiterando esses conceitos foi inspirador. Afinal, ele é um precursor de tudo isso que falamos sobre liderança.
5- O poder do “CARE”
Também acompanhei uma palestra super interessante do Alex Draper, palestrante e autor de um livro sobre segurança psicológica – tema extremamente importante e que esteve em alta por lá.
Ele destacou que, embora a liderança não construa a segurança psicológica sozinha, sua influência é crucial para criar um contexto onde ela possa florescer e prosperar.
Além disso, ele usou o acrônimo “CARE“, que em inglês significa cuidado, para compartilhar quatro dicas para construir ambientes seguros:
C de claridade
Para Draper, é essencial ter conversas claras, definir intenções e deixar nítido o que se espera de cada pessoa – e isso inclui a liderança, tá? Para ele, sem clareza, comunicação, transparência, integridade e honestidade, a segurança psicológica não pode ser estabelecida.
A de autonomia
Durante sua palestra, ele destacou que as pessoas precisam ter autonomia e empoderamento para fazer as coisas do seu jeito, expressar suas opiniões e desafiar o status quo, pois só assim elas se sentirão livres para contribuir de forma significativa e inovadora.
R de relações
Alex trouxe que relações de confiança são a base de qualquer equipe de sucesso – algo que eu particularmente também acredito muito – e que a confiança é o alicerce das relações significativas que realmente fazem a diferença na vida das pessoas.
E de equidade
Aqui, trazer equidade para o ambiente de trabalho significa prover os recursos necessários para que cada pessoa possa dar o seu melhor. Isso envolve entender as necessidades individuais e adaptar a liderança para atender essas necessidades de forma justa.
Draper concluiu a sessão com uma mensagem que achei muito legal: seja gentil, ouça atentamente, seja um exemplo (não perfeito, mas esforçado), aprecie as pessoas e cuide delas sempre que possível.
Nada disso custa dinheiro, apenas nossa vontade, energia e o prazer de ajudar a construir um ambiente seguro e acolhedor. Então, fica a dica do “CARE” para construir uma cultura de segurança psicológica aí na sua empresa.
O que achou dos insights?
Se quiser gerar ainda mais reflexões, te convido a clicar aqui e assistir a nossa playlist completa no YouTube que preparamos com muito carinho.
Lá, você encontrará diversos vídeos que gravei diretamente da ATD 2024 e terá a oportunidade de aprofundar ainda mais tudo que falei neste artigo.
Grande abraço!
Por Marco Fabossi, sócio-diretor da Crescimentum