Imagine que, a partir de agora, as empresas não se preocupam mais com o lucro. Você consegue visualizar o que a sua organização entrega de diferencial para a sociedade? Ao fazer esse exercício, estamos refletindo sobre um tema que vem se tornando pauta frequente das organizações do futuro: o capitalismo consciente.
Pode parecer improvável combinar essas duas palavras juntas, mas esse é um movimento que vem ganhando importância no mundo corporativo, e nesse artigo, quero te sensibilizar sobre a sua responsabilidade enquanto profissional de RH. Boa leitura!
O que é capitalismo consciente?
Vemos que o mundo mudou e a sociedade evoluiu. Hoje, o acesso à informação é maior e estamos muito mais conectados e conscientes sobre nosso papel na sociedade.
Nessa Era, cada vez mais visualizamos uma onda na qual consumidores e cidadãos procuram ser mais criteriosos a respeito dos produtos que consomem e até mesmo sobre como consomem. Em geral, pessoas estão mais conscientes sobre seu impacto no mundo.
Com essas nova realidade, a forma como vivíamos no passado não serve mais para pensar e agir no presente, e isso se reflete em diversas áreas. Até mesmo o capitalismo passa a ser pensado de forma diferente e para além do lucro empresarial.
Em um contexto no qual vemos diversas empresas bem-sucedidas e outras tantas em ascensão, passamos a questionar o sentido de grandes movimentações financeiras que, no fim, não geram nenhum benefício para além do mundo corporativo.
Isso traz à tona uma reflexão sobre a responsabilidade organizacional e o capitalismo consciente surge a partir desse mindset, assim como o conceito ESG.
De forma ampla, o conceito destaca a necessidade das empresas em gerarem valor para a sociedade, e não estamos falando de valor financeiro.
No capitalismo consciente, existe um movimento de empresas que trabalham para ser a melhor empresa para o mundo e não apenas as melhores empresas do mundo.
O mindset sustentável
Nesse cenário, uma palavra é fundamental ao se pensar em negócios: sustentabilidade. Pensar de forma sustentável é visualizar que a sociedade, o planeta e as empresas estão interligados.
Dessa forma, entende-se que é preciso garantir a perenidade não apenas das empresas, mas de toda a comunidade e do mundo. Afinal, nossas empresas estão inseridas dentro da comunidade, mas a comunidade está inserida no planeta.
Empresas devem sempre ter em mente que não estão isoladas e que impactam o mundo, positiva ou negativamente. Saindo do mindset individualista para o sustentável, deixamos a visão exclusivista e passamos a ter uma visão holística e mais consciente.
Quando falamos de sustentabilidade e capitalismo consciente, um exemplo que não posso deixar de trazer é o da Whole Foods, uma rede de supermercados multinacional dos Estados Unidos.
A empresa é uma referência no assunto, especialmente por sua Declaração de Interdependência, um documento onde a Whole Foods reconhece que o sucesso da rede é limitado ao sucesso dos atores de sua cadeia produtiva, desde o agricultor orgânico ao CEO.
Essa declaração mostra a preocupação em reconhecer que a empresa não é uma espécie de “universo à parte”, dependendo diretamente de diversos elementos e, especialmente, de pessoas.
Como tornar minha organização mais consciente?
Quando falamos em consciência nas empresas capitalistas, falamos de empresas que trabalham de forma diferenciada e com muito mais senso de pertencimento social.
São 4 princípios que norteiam as organizações conscientes. Esses princípios auxiliam empresas, criando confiança e negócios saudáveis, perenes e resilientes. Os pilares que fundamentam o conceito do capitalismo consciente são:
Propósito massivo transformador
Empresas conscientes entendem que precisam ser boas não apenas em seus produtos e serviços, mas na sua contribuição para o mundo. Nesse sentido, o verdadeiro propósito do trabalho é melhorar o mundo e gerar impacto positivo para muitas pessoas.
Liderança consciente
A liderança é a responsável por disseminar o propósito da organização e incentivar o melhor de cada colaborador para que esse objetivo maior seja alcançado, proporcionando transformações positivas e agregando valor para a comunidade.
Valorização dos stakeholders
Para o funcionamento de uma organização, todos são importantes. Desde o segurança do prédio aos grandes diretores. Valorizar os colaboradores é essencial, visto que, sem eles, todo o processo acaba comprometido.
Cultura forte
Quando você constrói os pilares acima, você cria uma cultura muito mais forte e engajada dos colaboradores, consumidores e até mesmo da comunidade. A cultura é importante, porque atrela os valores do negócio às estratégias, sem que a identidade se perca.
Organizações guiadas por propósito
Dentre todos os itens acima, um dos que considero mais importante atualmente é a definição de um propósito. Afinal, em um mundo cada vez mais competitivo, o que nos diferencia de nossos concorrentes no momento da definição da compra?
Uma proposta de valor que vá além do produto é um grande diferencial e até mesmo uma vantagem competitiva nesse cenário. O propósito, além de guiar toda a organização para uma direção em comum, gera engajamento interno e cria verdadeiros fãs da marca.
Existem grandes empresas que mostram que trabalhar com propósito gera lucro. No capitalismo consciente, esse lucro surge principalmente a partir de uma cultura de autenticidade, alegria, interesse genuíno, compaixão e amor.
Além da Whole Foods, são exemplos de empresas conscientes a Amazon, Johnson & Johnson, Google, Ebay, Starbucks, Honda, Harley Davidson, BMW, entre outras. No Brasil, uma referência do movimento é a Natura.
Organizações que aderiram ao capitalismo consciente possuem uma cultura forte e alinhada a fim de fortalecer todos os valores e ter a unidade necessária para trabalhar com clareza de propósito.
Por isso, cultura tem sido pauta cada vez mais frequente nas empresas quando o assunto é alcance de objetivos, perenidade, unidade, resultados, performance, crescimento organizacional e bem-estar dos colaboradores.
Para que toda a empresa esteja alinhada, é necessário a construção de uma cultura forte. Por isso, criamos o Guia de introdução à cultura organizacional, visando ajudar você a construir uma organização mais consciente, e alinhada a valores e estratégias.
Se você quer transformar a sua empresa em uma especialista não apenas na venda de produtos e serviços, mas na resolução de problemas sociais, impactando positivamente a sociedade, leia o material e comece a transformar a cultura da organização!
Por Renato Curi, sócio-diretor da Crescimentum