Diante da pandemia, a adoção do trabalho remoto como regra – e não mais uma exceção – mudou o escritório como o conhecemos para sempre. No entanto, isso gera um desafio: o de sustentar a cultura organizacional em tempos de trabalho remoto.
A lógica presencial, até hoje, foi o que ajudou a construir e a sustentar a cultura de nossas organizações. Foi frequentando o escritório diariamente que o conjunto de crenças e valores organizacionais foram moldados e disseminados.
Assim, a questão que fica agora é: o que fazer para sustentar a cultura de nossas organizações quando o presencial, para muitos, nem sequer é uma opção para o futuro do trabalho?
Neste artigo, falo sobre alguns caminhos para que você possa trabalhar a cultura organizacional em tempos remotos, identificando novas formas de alinhar todos em torno de um objetivo maior.
Essas dicas são inspiradas em um documento do MIT Sloan, o que torna cada uma delas ainda mais valiosa. Vamos em frente?
Como funciona a cultura organizacional fora do escritório?
Há mais ou menos um ano, a pandemia da COVID-19 desencadeou uma série de grandes mudanças.
A maioria das empresas incentivou os funcionários a trabalharem em casa como forma de garantir a segurança e bem-estar. A princípio, o que era uma prática temporária de duas semanas logo se estendeu e, agora, comemoramos em média 1 ano de isolamento.
Atualmente, o trabalho remoto já não é apenas temporário para alguns. E o fato é que isso muda tudo o que conhecíamos sobre negócios até agora, trazendo diversas questões importantes para o bom funcionamento e prosperidade de nossas organizações.
Uma dessas preocupações diz respeito ao fato de que, em meio a baias, conversas entre áreas e, até mesmo, do cafezinho do escritório, é possível cuidar da cultura organizacional de forma ativa. Ou, pelo menos, era o que pensávamos até então.
Claro, cuidar da cultura pode ser muito mais complexo quando os trabalhadores estão em suas casas, diante de cotidianos particulares, com filhos, animais, trabalhos domésticos e uma infinidade de reuniões online em suas agendas.
Sem a lógica tradicional que separava a vida pessoal da profissional, a comunicação, resolução de problemas e, até mesmo a criatividade, foram viradas do avesso. Assim, como articular a cultura quando não podemos vivenciá-la como antes?
3 formas de sustentar a cultura organizacional em tempos de trabalho remoto
Como aponta o MIT Sloan, a cultura é “a força holística e um tanto misteriosa que orienta as ações e interações no local de trabalho”. Ela permeia tudo o que as pessoas fazem e que, depois de um tempo, torna-se amplamente tido como certo.
Em outras palavras, gosto de falar sobre cultura como a famosa “forma como fazemos as coisas por aqui”. No entanto, quando o “aqui” não é mais compartilhado, de fato, como sustentar a cultura sem perder sua força e unidade?
A seguir, exploro 3 caminhos que o MIT Sloan sugere como guia neste processo:
1- Torne a cultura visível
Aspectos da cultura estão presentes em acontecimentos do dia a dia, como colegas interagindo ou tomando decisões. Saber como usar as ferramentas de uma cultura – ou seja, quando e como elas se aplicam – é a marca real de pertencer a uma cultura específica.
No entanto, como as tarefas diárias agora ocorrem remotamente e as práticas às vezes são difíceis de observar, é ainda mais importante para os líderes e gerentes chamar a atenção e reconhecer quais aspectos da cultura são necessários e por que são importantes.
Revelar esse “kit de ferramentas cultural” não apenas lembra as pessoas de sua existência, mas também sinaliza seu valor.
Outro aspecto tão importante é “criticar” a cultura. Quando os gerentes não censuram de forma clara as práticas que se afastam da cultura desejada, os limites da cultura não são bem definidos.
2- Esteja aberto a mudanças no kit de ferramentas culturais
Um benefício de pensar na cultura como um kit de ferramentas é que ela nos alerta para o fato de que temos uma variedade de soluções à nossa disposição quando fazemos as coisas em uma organização.
O kit de ferramentas culturais nada mais é do que um conjunto de artefatos, símbolos, signos, processos e rituais que são permanentemente utilizados para manter em alto nível o senso comum de significado dos diversos aspectos da cultura.
Contudo, é importante ressaltar que esses kits de ferramentas também mudam com o tempo e circunstâncias. Isso ocorre porque todos nós estamos expostos a vários meios culturais, que surgem por meio de outros aspectos de nossas vidas.
Por isso, os hábitos e práticas desenvolvidos em outros lugares podem começar a influenciar a forma como os outros agem, expandindo o kit de ferramentas culturais dos ambientes de trabalho.
Isso significa dizer que a cultura organizacional vai além do local de trabalho.
3- Use a disrupção para fortalecer o núcleo cultural
Uma prática importante é lembrar os funcionários de aspectos do passado da empresa, ou seja, ideais, histórias e compromissos que moldaram a cultura da organização e que são fundamentais para sua identidade.
Construir esses elementos essenciais da cultura pode lembrar os funcionários dos pontos fortes da empresa e ajudá-los a enfrentar tempos difíceis.
Isso também pode abrir a porta para desafiar aspectos desatualizados de uma cultura que, apesar de tudo, recebe um valor simbólico e cerimonial desproporcional, impedindo as transições necessárias no presente.
Algumas organizações, por exemplo, estão descobrindo que algumas mudanças desejadas, como descentralizar sua tomada de decisões ou se tornar menos burocrática, ocorreram rapidamente com a pandemia.
Contudo, essas práticas só serão sustentadas com trabalho contínuo para conectá-las a um novo momento cultural. Afinal, este momento pode ser especialmente trabalhoso e gerar fortes emoções.
Gerencie a cultura da sua organização em tempos de trabalho remoto
Espero que essas dicas te ajudem a fazer a gestão da cultura da sua organização de forma mais consciente e eficaz, mesmo em tempos de trabalhos remotos. Tenha em mente que o papel da liderança é um dos mais importantes neste processo.
Líderes devem ter um senso forte sobre a cultura, determinando de forma consciente e estratégica qual kit de ferramentas permite que seus funcionários naveguem no ambiente atual de forma autêntica para a história da organização mas, ao mesmo tempo, flexível para a realidade que enfrentamos.
Assim, será possível aguardar o momento de retomada presencial, esteja ou não ele próximo, com unidade e alinhamento nos negócios.
Afinal, a cultura vai muito além do cafezinho no escritório. Ela envolve as ações que realizamos e tornamos visíveis aos outros e os significados que se transformam em atitudes cotidianas. E embora este seja o ponto mais difícil é, também, um dos ingredientes principais do sucesso.
Na Crescimentum, já ajudamos diversas organizações, como Norsul, CPQD e Montana, a potencializarem seus resultados por meio de uma gestão da cultura organizacional mais consciente e realmente capaz de aumentar a produtividade e gerar resultados excelentes para as organizações.
No entanto, nossa atuação hoje vai além dos projetos de Gestão da Cultura Organizacional. Contamos com um amplo portfólio de treinamentos abertos na área de cultura, e você pode conhecer os treinamentos da trilha clicando aqui.
Os treinamentos de cultura foram pensados para que sua empresa tenha acesso aos mais atuais temas e ferramentas para que você seja capaz de guiar a sua organização em uma direção nova e tornar a cultura, estratégia e liderança realmente conectados.
Por Gui Marback, sócio-diretor e head de Cultura Organizacional da Crescimentum