“Liderança e maternidade” são palavras que, quando entrelaçadas, descrevem uma realidade multifacetada enfrentada por muitas de nós nos dias atuais, que requer não apenas habilidade, mas também uma compreensão profunda de como harmonizar dois mundos aparentemente distintos.
Aqui neste artigo, vou explorar essa complexidade, mostrando os desafios que muitas de nós enfrentamos, as vitórias alcançadas e as estratégias que podem ser adotadas para criarmos um equilíbrio mais satisfatório e significativo.
Equilibrando os papéis na liderança
Olá, mulher, líder, mãe… e tantos outros papéis que você tem e que te chamam diariamente a dar conta, seja pela sua insistência em não ter um deles apenas como o principal, seja pelo destino que te trouxe até este momento, seja pelas escolhas ou por aquilo que você percebeu lá atrás e foi vivendo a partir dele: você é capaz de ter todos esses papéis ao mesmo tempo e de vivê-los com maestria.
Opa, essa última parte eu não sei, não…
Acho que a maestria tem muito mais a ver com o que te fizeram acreditar que você “tinha de” fazer, não com a realidade da vida da líder e da mãe.
Afinal, a maternidade por si só já é um desafio tão visceral que temos em nossa jornada, que, só para ser exclusiva, já não daríamos conta de fazê-lo em sua perfeição, pois lidamos com uma variável sob a qual não temos controle: um outro ser humano.
Enquanto bebês, somos capazes de decidir pela vida deles, é fato. Mas muito rapidamente este ser já tem suas vontades, desejos e educar (que é bem diferente de ter filhos) é provavelmente o maior desafio que nós temos em nossa vida.
E então, consciente ou inconscientemente, escolhemos ser líderes. Nosso papel, entre outras responsabilidades, é gerir mais pessoas, enfrentando os desafios de desenvolvê-las, de incentivá-las a crescer, a se tornarem suas melhores versões na carreira e a serem promovidas.
Com isso, nós mesmas temos cada vez mais a oportunidade de alcançar novos patamares e degraus no nosso desenvolvimento profissional.
Se fosse só isso, já seria complexo e bastante desafiador, mas a vida real não é tão simples
Ela é cheia de percalços, pois para grande parte das líderes com quem converso, é um desafio ter nossas necessidades atendidas para dar conta da maternidade em sua plenitude e que satisfaça nossos desejos de mãe, nossos anseios como profissionais e nossas expectativas em sermos mulheres realizadas.
Em geral, as líderes até têm uma rede de apoio, por exemplo, seja com o parceiro ou parceira, com familiares, assistentes, mas o que ainda falta no contexto das empresas engloba um trabalho mais flexível, com horários diferenciados, jornada variável ou até mesmo, um trabalho híbrido ou home-office mais vezes na semana.
Pra destacar ainda mais esse cenário, um estudo realizado pela CRESCER revela um dado alarmante: 94% das mulheres sentem dificuldades para conciliar maternidade e carreira. Este número não apenas ressalta a magnitude do problema mas também sublinha a urgência de se repensar as estruturas de trabalho.
E, de acordo com outra pesquisa, agora da McKinsey, em 2023 a maioria das mulheres e dos homens apontam um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional como o principal benefício do trabalho híbrido e remoto (nem somos só nós, embora isso nos afete mais como mulheres).
E o estudo mostra que um bom equilíbrio entre vida pessoal e profissional, além de um baixo esgotamento são fundamentais para o sucesso organizacional. Paralelamente, revela que 83% dos funcionários citam a capacidade de trabalhar de forma mais eficiente e produtiva como o principal benefício do trabalho remoto.
No entanto, vale a pena notar que esta conta ainda não está fechada para nós, mães, pois as empresas veem isto de forma diferente: apenas metade dos líderes de RH afirmam que a produtividade dos funcionários é o principal benefício do trabalho remoto.
Ou seja, este movimento talvez nem aumente tanto. Eu quero acreditar que sim, que este seria um caminho para nos dar um pouco mais de equilíbrio.
Mas como mãe, sei que tem muito mais a nos preocupar…
Acredito que trabalhar nossa autoconfiança e nossa sensação de culpa, como mães e líderes fora de casa, é um caminho de início para esta construção que depende só de nós.
Precisamos aceitar que é possível gostar do trabalho e reconhecer sua importância em nossas vidas, mesmo que sejamos completamente apaixonadas por nossos filhos e desejemos participar ativamente de suas vidas. Não podemos ser completas em nenhum aspecto se acreditamos que o que fazemos é errado ou que deveríamos estar em outro lugar. E aqui tem sido uma das maiores dores que percebo ao atender líderes em mentorias.
Por isso, recomendo 3 ações que poderão contribuir para um melhor equilíbrio em sua jornada, mas já te aviso que equilíbrio pleno não existe, sempre haverá momentos que um papel estará mais forte que outro e tudo bem.
1- Priorize e organize sua agenda
Reserve um tempo da sua semana para organizar os horários que cuidará de cada um dos seus papéis. Seja como mãe, líder, amiga, filha, irmã ou mulher. É importante que em cada um deles você seja capaz de estar focada onde estiver, para ter maior produtividade e entrega.
2- Esteja 100% presente no seu tempo
Quando estiver no trabalho, concentre-se nas suas atividades profissionais; quando estiver em casa, dedique-se integralmente à sua família. Evite que uma área da sua vida invada a outra, e assim, mantenha um equilíbrio saudável.
3- Lembre-se de ter um tempo para você
Reserve um tempo para cuidar de si mesma. Você é a pessoa mais importante da sua vida e merece esse cuidado para poder desempenhar seus diversos papéis de forma equilibrada.
Aproveite este mês que olhamos para nós com algum cuidado e faça o mesmo. É hora de reconhecer o seu valor e a contribuição que você traz para o mundo. Seja um exemplo de autocuidado, inspirando aqueles ao seu redor a fazerem o mesmo.
Juntas, continuaremos avançando na construção de um mundo mais justo e inclusivo.
Um beijo afetuoso e até a próxima!
Por Paula De Biasi, consultora da Crescimentum