Eu e Taianny Araújo, Coordenadora de eventos da Crescimentum, fomos para o Rio de Janeiro conferir um dos maiores eventos de inovação do mundo: Web Summit Rio.
Foram 3 dias de evento que abrigaram mais de 34.000 participantes e mais de 500 palestrantes, dentre eles: Mario Sergio Cortella, Luiza Trajano, Simone Berry, Justina Nixon-Saintil, Fábio Coelho, Gilberto Gil e até influencers como Bianca Andrade (Boca Rosa) e Mari Maria.
Muitos assuntos foram discutidos e eu vim trazer aqui alguns dos insights que tive durante esse evento, bora refletir comigo?
Insights do Web Summit Rio, um dos maiores eventos de inovação do mundo
1- As mudanças e a Inteligência Artificial: automático ou autônomo?
Mario Sergio Cortella chegou para deixar um montão de reflexões no público, incluindo a mim que fiquei bem pensativa depois de sua palestra.
Começou falando sobre a necessidade da mudança para continuar sendo “contemporâneo”. Ou seja, para continuar relevante nesse mundo em que tudo muda o tempo todo, é preciso se atualizar.
Ele trouxe isso também falando como a mudança é uma urgência, mas também que é absolutamente prazeroso. Como você tem lidado com as mudanças que acontecem no seu dia a dia, na sua carreira e na sua vida? Mudar também é absolutamente prazeroso para você?
Fiquei pensando em um e-book recente que li da Gartner sobre as top prioridades do RH para 2024, sendo uma delas muito vinculada a mudanças e, especificamente, gestão da fatiga das pessoas nesse cenário. Será que estamos tão cansadas e cansados com as mudanças que simplesmente esquecemos o quão bom também é mudar?
E como falar em mudanças e atualizações sem falar na estrela da vez, a tal da Inteligência Artificial? Pois é, Cortella trouxe um olhar bem interessante sobre esse tema.
Imagine que você está chamando um elevador, aperta o botão e ele te leva para o andar que você gostaria. Isso é a tecnologia sendo utilizada para AUTOMAÇÃO. Agora, imagine que você aperta o botão para chamar o elevador e ele decide para qual andar te levar. Isso seria a tecnologia agindo de forma AUTÔNOMA.
Para Cortella, a IA precisa ser utilizada mais para automação e não tanto de forma autônoma, retirando nosso poder de decisão.
Me fez refletir sobre o quanto nós estamos na beira de delegar decisões aos algoritmos e, de certa forma, corremos o risco de nos tornarmos mais automáticos durante esse processo. Precisamos nos lembrar que está em nossas mãos as escolhas e o que faremos com os resultados gerados por essa tecnologia daqui em diante. Não basta usar uma IA para produzir mais em menos tempo e simplesmente copiar e colar seus resultados.
“O importante é ter sem que o ter te tenha” – Millôr Fernandes
2- Não é IA “OU” ser humano é IA “E” ser humano
Que a Inteligência Artificial é uma realidade que precisamos lidar, isso a gente já sabe, mas como fazer isso?
Existem muitos debates sobre quando usar e quando não usar IA, quando ela pode agir melhor sozinha e quando precisa de mais supervisão. Fato é que precisamos sair desse pensamento de “ou uma coisa ou outra” e pensar mais em como a IA pode ser complementar ao ser humano (afinal ela é mais uma ferramenta!).
Justina Nixon-Saintil, VP e Chief Impact Officer da IBM, e Marcelo Braga, presidente da IBM Brasil, falaram sobre o uso de IA nos negócios e deram um exemplo bem interessante.
Para além de pensar no seu uso apenas para melhorar a experiência do cliente, também podemos olhar para a experiência do(a) colaborador(a). Imagine pedir a uma IA que realize a transferência de uma pessoa de uma área para outra e, em questão de segundos, ela retorna para você que o salário dessa pessoa está 5% abaixo da média daquele grupo que ela será transferida e já te pergunta se você quer passar isso para aprovação do setor financeiro da empresa.
Parece um sonho, né? Em quantos processos internos isso poderia ser aplicado…
Quanto tempo as lideranças poderiam poupar sem tantas “burocracias”? Quanto tempo a mais elas teriam para cuidar mais de pessoas?
E quanto mais IA, mais precisaremos olhar para pessoas.
Esse foi tema de uma palestra da Vibra Energia no Web Summit Rio. Vanessa Gordilho, Aspen Andersen e Ernesto Pousada trouxeram a necessidade de investir em upskilling e reskilling para que as pessoas consigam lidar com um cenário alavancado pela IA.
Eles trouxeram como a IA já faz parte da realidade da Vibra Energia, mas que as pessoas ainda precisarão ser coração e julgamento moral para que a IA seja usada de forma responsável e benéfica.
Ernesto Pousada, CEO da Vibra Energia, trouxe ainda 3 C’s que considera bem importantes para lidar com esse cenário: curiosidade, coragem e capacidade de assumir erros. Achei bem interessante sua coerência ao responder uma das perguntas com um simples “não sei o que será preciso para lidar com um futuro onde haverá equipes com pessoas e robôs juntos, não tenho essa resposta, mas vamos precisar aprender… dia após dia, mês após mês, ano após ano”.
E não seria esse o espírito da curiosidade e coragem para olhar para esse futuro?
3- Será que estamos progredindo em Diversidade e Inclusão?
Diversidade e Inclusão com certeza foi um assunto bastante levantado durante o evento.
Não apenas quando as palestras se propunham a falar diretamente do assunto, mas também muito quando o assunto era IA e os vieses propagados por essa tecnologia.
Particularmente, fiquei muito feliz de ver o engajamento nesse tema que para mim é tão importante, porém… será que estamos “pregando para convertidas e convertidos”? Fiquei com essa reflexão durante todo o evento, sempre olhando ao redor e encontrando mulheres no palco e maioria mulheres brancas na plateia.
Em uma palestra que conectava D&I com criatividade e inovação, Mariana Santos (Líder Criativa da Jubarte) e Felipe Silva (Co-fundador da Gana) foram perguntados se acreditavam que havia um retrocesso no que tange a contratação de lideranças mais diversas nas empresas.
A resposta? Que acreditavam que não estamos num retrocesso, pois nunca avançamos de fato nessa pauta, que o avanço em si se deu apenas para um recorte específico que foi o de mulheres brancas nos cargos de liderança.
Não sei você, mas eu fiquei muito reflexiva sobre isso.
Durante o evento, ouvi muito sobre como até estamos avançando no quesito trazer mais diversidade (talvez uns recortes mais que outros!), porém que ainda estamos apenas no começo do que é a inclusão de pessoas de grupos minorizados no ambiente de trabalho.
E como mudar essa realidade? Ashleigh Ainsley, co-fundador da Colorintech e advisor do Fórum Econômico Mundial, trouxe 3 pilares fundamentais: assegurar investimento de LONGO PRAZO para D&I, fazer com que a liderança seja accountable por este tema e compartilhar essa responsabilidade também com as demais pessoas da organização.
E o que você tem feito com o seu poder de influência para alterar esse cenário? Thais Fabris, fundadora da 65|10, falou da importância de nós que estamos próximas e próximos do centro de poder puxar pessoas das margens para esse centro.
“Se cada pessoa aqui puxar uma pessoa da margem pro centro de poder, olha só quanta mudança conseguimos fazer!”. Qual escolha você tem feito? Em prol de que futuro?
4- Burnout e gênero estão conectados?
Ana Tomazelli, fundadora do IPEFEM, trouxe ao Web Summit Rio um tema bem importante: será que existe relação entre burnout e gênero? Mais especificamente, mulheres têm mais chance de ter burnout?
E aí, qual seria o seu chute?
Se você disse que sim, então acertou! Segundo a pesquisa de Ana Tomazelli, mulheres têm 67% mais chances de desenvolver burnout em ambientes de trabalho assimétricos de gênero. Ficou assustado(a) com o número ou já imaginava?
Pois é, as mulheres infelizmente ainda têm muitas barreiras no ambiente de trabalho, desde a dificuldade em ter o mesmo tempo de fala que os homens até assédios que acontecem diariamente. Sem contar a jornada dupla que enfrentam por ter que ser também a cuidadora do lar e dos(as) filhos(as).
É de se imaginar que ao falar de saúde mental também precisaremos olhar para o recorte de grupos minorizados, afinal para além do estresse e cansaço provindos de um dia “normal” de trabalho, ainda existem uma série de microagressões diárias que temos que botar na conta.
Aliás, como anda sua saúde mental por aí?
Aqui vão os conselhos da Ana Tomazelli caso as coisas não estejam tão bem assim: tenha coragem de não ser amado(a) para conseguir traçar e impor limites saudáveis para você e encontre a “sua turma”, pessoas que poderão ser sua rede de apoio nesse momento.
5- Gentileza: o tabu no mundo do trabalho
Um dos temas que me chamou atenção foi sobre “kindness-driven businesses”, ou seja, negócios que são impulsionados pela tal da gentileza. De cara já é um tópico que pode parecer bem “fluffy”, como a própria palestrante Carolina Nucci trouxe. Mas vamos às reflexões.
Se almejamos tanto a gentileza em nossas relações, por que no mundo do trabalho isso ainda é visto de forma negativa?
Primeiro vamos ressignificar o que é gentileza. Gentileza não é ser legal. Gentileza é sobre atenção, empatia, honestidade, conexão e confiança.
E sim, existem vários estudos que comprovam a relação positiva da gentileza com o sucesso nos negócios. Carolina Nucci trouxe até um slide recheado dessas pesquisas da Harvard Business Review, MIT Sloan, Gartner, Mckinsey e por aí vai.
E como promover isso afinal?
Primeiro começando por si mesmo(a): o quanto você tem aplicado gentileza consigo mesmo(a)?
Então, vem a empatia com o outro: o quanto você consegue se conectar com outras pessoas de forma empática?
É por meio dessa gentileza que se gera conexão, confiança e, consequentemente, valor ao negócio.
Que tal repensarmos o jeito como criamos relações e negócios no mundo?
Bom, foram muitos insights e muitas reflexões geradas pelo Web Summit Rio… com certeza saí com mais perguntas do que respostas e é assim que ampliamos cada dia mais nosso olhar para novas perspectivas!
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Aliás, não se esqueça de participar do próximo Manhã com RH. Renato Curi, Chief Product Officer da Crescimentum, vai aprofundar as principais tendências de aprendizagem que viu no Learning Technologies 2024. Para fazer sua inscrição gratuitamente e tirar todas as suas dúvidas com ele, é só se inscrever clicando aqui.
Por Larissa Takayama, Coordenadora de Inovação na Crescimentum