No momento em que estamos vivendo, um cenário de imprevisibilidade, adversidades e desafios, mais do que nunca o papel do líder é fundamental para que as empresas e as pessoas possam passar por este contexto de uma maneira mais positiva, resiliente e ágil.

A inovação é essencial à sustentabilidade das organizações e passa a ser uma estratégia de sobrevivência, e as pessoas são parte fundamental neste processo.

Os resultados de amanhã, dependem da maneira com que cada um vai lidar com tudo que está acontecendo agora.

Talvez o que você acreditava até este momento, já não faça mais sentido. O que funcionava até então, agora não funcione mais. Assim, agora você precisa ampliar sua caixa de ferramentas e sua forma de pensar.

Você tem disposição para se reinventar e lidar com essas adversidades?

Se sua resposta foi sim, veja os principais pontos que vamos abordar neste artigo:

  • Modelo Cynefin para compreender diferentes situações e auxiliar a tomada de decisões e a gestão de mudanças;
  • 8 competências para a liderança ágil;
  • Valores limitantes dos líderes brasileiros e modelos mentais que precisam ficar para trás para dar espaço a uma organização mais ágil.

O que te impede de ser ágil?

Hoje, precisamos responder para o cliente em tempo real, em uma velocidade quase equivalente a uma pesquisa no Google ou ao recebimento de um produto da Amazon, e isso só é possível com uma cultura ágil e uma liderança ágil.

Uma pesquisa do MIT mostra que organizações ágeis geram 30% mais lucro. Então, como podemos nos munir de recursos e nos tornarmos mais lucrativos?

Combinando práticas ágeis como Scrum e Kanban com comportamentos e modelos mentais!

e um lado, o momento pede experimentação, criação de times multifuncionais e abertura para inovação. Por outro lado, muitas empresas já utilizam práticas da metodologia ágil, mas encontram muitas complicações e “patinam” com comportamentos.

O principal obstáculo está na liderança, mais especificamente no comportamento do líder de querer controlar toda tomada de decisão.

Ter o conhecimento e fazer uso de práticas isoladas, provavelmente não dará o retorno esperado se não nos tornarmos ágeis de fato, estando dispostos a uma mudança de mentalidade.

Para conseguirmos dar respostas diferentes e criar produtos novos, precisamos ser ágeis, experimentar e testar em um cenário completamente desconhecido.

As competências de um líder ágil

Antes de entrar no Modelo Cynefin, que vai ajudar você a avaliar em qual situação a competência de um líder ágil faz sentido, pense em pelo menos duas questões muito desafiadoras que você está lidando neste momento e precisa dar uma resposta.

Este modelo vai ajudar a tomar decisão e verificar quando utilizar o contexto ágil.

Como você pode ver na imagem, temos (do lado esquerdo e direito) dois contextos diferentes. Um desordenado e imprevisível e outro ordenado e previsível.

Isso quer dizer que, do lado ordenado (simples e complicado), causa e efeito tem uma relação mais direta. Enquanto no desordenado (caos e complexo) é difícil estabelecer claramente as relações de causa e efeito dos sistemas.

Simples

Aqui, é possível saber com relativa precisão qual ação precisa ser realizada para atingir um determinado resultado. Este é o momento de compreender, categorizar e dar uma resposta, ou seja, reagir.

Complicado

Neste quadrante, assim como no simples, a relação entre causa e efeito é clara, mas diferentes ações podem levar a um mesmo resultado.

É o momento de compreender, analisar diversas alternativas, pesquisar, julgar prós e contras e depois chegar numa melhor resposta.

Simples e Complicado 

É como se existisse uma busca por uma resposta certa. Neste caso, o tempo gasto é maior em planejamento e análise para depois partir para a execução.

Como se fosse a metodologia cascata, onde se investe mais tempo discutindo e planejando e quando parte para execução vai de uma única vez. E tudo bem, tem cenários onde isso é necessário e faz sentido.

Exemplo: para levantar um prédio ou realizar uma cirurgia.

Caos e Complexo 

Envolve uma maior complexidade, exercícios de planejamento seriam mais como “adivinhação”. 

Nestes cenários, entra experimentação e testes para responder e reagir. O número de variáveis é muito grande e impossibilita uma previsão segura. 

Exemplo: no desenvolvimento de um produto ou serviço novo, é praticamente impossível saber com antecedência se agradará o mercado.

O mindset ágil em momentos de crise

O caos pode ser instigado ou acontecer como o cenário que estamos vivendo hoje. Sem previsibilidade e com mudanças constantes.

“Responder a mudanças é mais importante que seguir um plano”. (Manifesto ágil)

Esse é um modelo de tomada de decisão. Pensando nisso, como você categoriza esses desafios que você está enfrentando?

Note que este modelo também pode ser levado para o seu estilo pessoal. Qual sua preferência: agir rapidamente ou planejar bastante? Como você atua na maior parte do tempo?

Neste momento que estamos vivendo, é hora de colocar em teste, experimentar, provar novas medidas. E a liderança precisa criar e promover ambientes favoráveis a isso.

Como sair deste momento de crise?

Experimentando, abrindo as discussões para as equipes, dando autonomia e ouvindo.

A postura ágil permite criar pequenos experimentos, testar novos produtos ou serviços e reduzir custos.

Um bom exemplo de experimentação é da empresa Zappos. Eles não sabiam se as pessoas gostariam de comprar bolsas e sapatos online. Até que resolveram experimentar.

Combinaram com uma loja física e criaram um site com imagens da vitrine. Quando alguém comprava um produto, eles compravam o sapato na loja física e enviavam pelo correio. E definiram que teriam um negócio quando ficassem realmente ocupados fazendo isso.

Você está preparado para se adequar?

Observando a imagem abaixo, convido você a dar uma nota de 0 a 10 para cada uma das competências. Como você está hoje?

 

1- Valor para os acionistas para satisfação do cliente e propósito compartilhado

  • Fazer aquilo que realmente importa e entregar valor para o cliente em ciclos mais curtos;
  • Ver o lucro como um resultado natural do foco no cliente;
  • Diminuir processos, barreiras, regras e burocracias;
  • Tomada de decisão de fora para dentro (o que o cliente quer).

Postura do líder: Empático. Olhar para o cliente em primeiro lugar com priorização, foco e simplicidade no que faz a diferença e agrega valor.

 “Colaboração com o cliente é mais importante que negociação de contratos”. (Manifesto ágil)

2- Previsão e controle para experimentação e aprendizagem

  • Criar algumas opções de produtos e serviços e lançar para teste o mais rápido possível;
  • Propiciar um ambiente seguro para experimentação;
  • Envolver as áreas correlacionadas para tomar a decisão;
  • Sair da zona de conforto.

Postura do líder: Precisa criar segurança psicológica e ter um olhar de aprendizado rápido.

3- Sair da eficiência para ir para adaptabilidade

  • Criar valor rápido. Novas oportunidade de experimentação rápida e que o cliente enxergue valor;
  • Adaptação para não “matar” ideias e sim incentivar;
  • Valorizar os colaboradores que podem ajudar a empresa a sair dessa;
  • Renunciar ao velho conhecido e aparentemente seguro e fazer melhor e diferente.

Postura do líder: Adaptável, deve fomentar um ambiente futurista, mais livre e fora da zona de conforto, olhar para sobrevivência de hoje mas também a médio prazo. 

4- De grupos dirigidos para time autônomos

  • Times que confiam estão alinhados com o propósito e tem autonomia para decidir como vão fazer;
  • Redução de níveis hierárquicos para tomada de decisão;
  • Dar contexto para as pessoas do que está acontecendo;
  • Empoderar para ter agilidade.

Postura do líder: Humildade (eu não tenho todas as respostas). Delegar mais para acelerar a experimentação e os resultados. Comunicação, transparência e proximidade mesmo à distância.

5- De hierarquias rígidas para sistemas humanos

  • Evitar silos e feudos;
  • Estimular times funcionais e que tenham uma visão de ponta a ponta;
  • Promover a diversidade;
  • Fortalecer relações de confiança.

Postura do líder: Disponibilidade para ouvir as opiniões, escuta ativa, incentivar trabalho em equipe para gerar respostas e soluções mais completas.

“Indivíduos e interações são mais importantes que processos e ferramentas”. (Manifesto ágil)

6- De comunicações estruturadas para transparência radical

  • Transparência e clareza;
  • Prover informações;
  • Manter contato próximo;
  • Dar contexto e próximos passos.

Postura do líder: Dar clareza às pessoas para que se sintam mais seguras para inovar e criar. Reuniões regulares e comunicação para que todos saibam o que está acontecendo.

7- De processos complicados para regras simples

  • Diminuir processos, regras e burocracias;
  • Fazer acordos de convivência simples e que todos entendam;
  • Adaptar as regras;
  • Facilitar e flexibilizar a comunicação.

Postura do líder: Flexível. Reduz burocracias e incentiva a autonomia das equipes com regras simples e objetivas. Modifica tudo que não seja essencial e que deixe a organização mais lenta.

“Software em funcionamento é mais importante que documentação abrangente”. (Manifesto ágil)

8- Da liderança heroica para transformacional

  • Liderança compartilhada;
  • Estimular pensamento e sentimento de dono do negócio;
  • Delegar e empoderar as pessoas;
  • Reconhecer, celebrar e valorizar.

Postura do líder: Promove um ambiente seguro onde as pessoas sentem que podem dar sua opinião, errar e consertar. Estimula líderes situacionais e contribui para o desenvolvimento e crescimento das pessoas.

O que falta para você se tornar um líder ágil?

Olhando agora para suas notas, o que te impede de ser um líder ou um profissional mais ágil?

Observe a pesquisa de cultura realizada com mais de 180.000 pessoas, para identificar os valores limitantes dos líderes brasileiros.

É provável que você faça parte dessa estatística.

Apesar de não ter nenhuma solução mágica, especialmente neste momento, o ideal seria uma combinação de ferramentas ágeis com comportamentos e modelos mentais potencializadores.

É preciso deixar o controle de lado e desistir de ter todas as respostas. O momento pede líderes e profissionais mais adaptáveis e empáticos, que demonstrem abertura para ouvir seus colaboradores, clientes e pares, façam perguntas, empoderem suas equipes e fortaleçam as relações de confiança.

Com isso, poderão criar ambientes onde seja possível testar de forma disciplinada e experimentar, olhar para o erro como aprendizado e validar novas formas, produtos e serviços.

Além disso, isso permite criar ciclos curtos de aprendizagem para melhoria contínua, feedbacks regulares, com regras simples e sem burocracia.

É essencial acreditar que a sua organização e as pessoas que estão ali presentes possuem todos os recursos para trazer ideias e inovações imprescindíveis na crise e depois dela.

Seja você um líder formal ou não, o que você pode fazer a partir de hoje para contribuir com a sua organização?

Se você quer resultados diferentes, faça algo diferente! 

Nós, da Crescimentum, podemos te ajudar a se tornar um líder preparado para lidar com um cenário desafiador de crise. Conheça a Certificação em Liderança Ágil e desenvolva as competências essenciais para líderes ágeis!

Por Renata Andraus, trainer da Crescimentum