No caminho para ter uma liderança forte, é essencial ter interesse em desenvolver, ouvir e fazer com que pessoas diferentes olhem em uma mesma direção.

Aqui vamos conversar sobre isso, entender o que é preciso para ter uma liderança centrada em pessoas e onde entra o autoconhecimento em toda essa jornada. Bora?

O que autoconhecimento tem a ver com liderança?

Conhece-te a ti mesmo” foi dito por Sócrates na Grécia Antiga há mais de 2 mil anos, mas ainda é uma frase poderosa.

Segundo a psicologia, autoconhecimento é a capacidade de nos enxergarmos como realmente somos, não quem desejamos ser. Percebo que nos dias de hoje, essa é uma das premissas mais urgentes para quem quer gerar impacto positivo, atuar como protagonista e liderar pessoas.

Mas, infelizmente, o processo para se tornar líder ainda continua sendo visto como uma recompensa.

Por isso, precisamos ter em mente que liderar tem a ver com construir relacionamentos com outras pessoas trazendo benefícios para si, para elas e para a organização. A posição de liderança precisa ser vista como uma vantagem competitiva para o negócio, não como um “prêmio”.

Para se conhecer melhor, você precisa compreender que o caminho do autoconhecimento não é um passeio num shopping. Exige encarar o desconforto, investir tempo em si e ter uma forte rede de apoio

Como tudo isso se conecta?

Vejo constantemente pessoas sendo “promovidas” para posições de lideranças, em sua maioria, pelos excelentes resultados individuais e com base nas competências técnicas. Existe uma supervalorização das características atribuídas ao masculino, que sustenta o conceito da meritocracia.

A psicóloga Cida Bento, conselheira do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert), aponta que outras “competências” exigidas estão ligadas a um tipo de experiência específica adquirida ao frequentar instâncias mais estratégicas das organizações.

Em geral, essa experiência não é acessada por pessoas que fazem parte de grupos que historicamente são discriminados e excluídos de espaços de poder.

Não é à toa que estudos mostram que 97% das lideranças empresariais no Brasil são homens e em sua grande maioria brancos. 

A crença presente no ocidente que foi difundida por Descartes – “penso logo existo” – reforça a ideia de que razão, atribuída ao homem branco, é sinônimo de superioridade e emoção, quando atribuída à mulher é relacionada à fragilidade.

Isso faz com que muitas mulheres, ao assumirem posições de lideranças, expressem características do universo masculino. 

Um dos principais influenciadores mundiais de cultura e liderança, Richard Barrett diz que a cultura de uma equipe é um reflexo do nível de desenvolvimento pessoal e expansão de consciência da liderança da equipe.

Por isso, te convido para uma reflexão: como atuar de forma sistemática para tornar esse universo corporativo menos masculino e branco?

Ter isso em mente é o primeiro passo para ter uma liderança ainda mais transformadora.

E agora, como colocar em prática?

Para uma liderança forte competências técnicas não são suficientes. O desenvolvimento pessoal e profissional também é!

São eles que ajudam a liderança a revisitar lugares, desconstruir, reconstruir, aprender e a reaprender, construindo relacionamentos duradouros, saudáveis e valorizando as diferenças.


Aliás, você já percebeu como em muitas organizações os espaços mais estratégicos não são acessados por pessoas que fazem parte de grupos historicamente discriminados e excluídos

Isso contribui para a construção de times formados apenas por pessoas semelhantes que compartilham das mesmas crenças, valores e reproduzem os comportamentos. Retroalimentação o status quo.

Por isso é tão comum encontrarmos nas organizações um perfil homogêneo de liderança, seja homem ou mulher – é só observar as fotos de convenções, treinamentos, reuniões e confraternizações de fim de ano no LinkedIn.

O pouco convívio com pessoas diferentes forma indivíduos com uma visão incompleta sobre si, pouca habilidade para lidar com as adversidades e emocionalmente imaturos. Isso causa um desalinhamento entre a boa intenção da liderança e as suas atitudes.

Construindo uma liderança forte

Sei que ninguém acorda e decide prejudicar a vida de seus liderados(as), entretanto, segundo uma pesquisa publicada pela Mindsight em 2022, com 53% dos entrevistados sendo mulheres e 47% homens, identificou que a maioria das pessoas relaciona o burnout a lideranças ruins ou fracas.

Esse estudo nos levanta um alerta: as lideranças precisam se preparar e olhar mais para as pessoas!

Ao invés de contar histórias convincentes para si de que são inspiradores e acessíveis, é importante começar a questionar se de fato estão adotando um estilo positivo, inclusivo e aberto ao desenvolvimento. E para te ajudar nisso, separei três dicas:

1- Peça feedbacks

O feedback é um presente!

Logo, para ser uma boa liderança, é necessário que você comece a pedir e receber bem os feedbacks da sua equipe. Reserve momentos na sua rotina para perguntar aos stakeholders o que você precisa parar ou começar a fazer

2- Identifique seus vieses inconscientes

Para ser uma boa liderança, é fundamental ter consciência e aprender a advertir os próprios vieses inconscientes.

Os vieses determinam a nossa forma de pensar e tomar decisões, o que aumenta a chance de sermos injustos, tendenciosos e a reproduzir micro agressões.

Por isso, reconhecer seus vieses te ajudará a entender a influência deles nos seus comportamentos e como impactam as suas relações interpessoais. 

3- Autoconhecimento envolve persistência

Nessa jornada é preciso combinar a prática de auto-observação, entender como a sua identidade foi construída, os seus valores e preferências.

Por essa razão, não se esqueça que uma liderança forte passa por conhecer melhor a si para se relacionar com as pessoas que estão ao redor.

Espero que este conteúdo tenha gerado boas reflexões por aí! Se quiser continuar esse papo, é só me chamar no LinkedIn.

Até a próxima!

Por Joana Silva, trainer da Crescimentum