Depois de todos os acontecimentos dos últimos anos, algo que podemos afirmar é: o mercado de trabalho e a liderança brasileira não saíram intactos.

E nessa era de tantas transformações, como será que as lideranças brasileiras tem se saído com um mundo de trabalho cada vez mais incerto?

A última edição do Manhã com RH marcou o lançamento, em primeira mão, de um levantamento exclusivo que fizemos, para entendermos a fundo o perfil da liderança brasileira.

Aqui vou trazer alguns insights desse encontro e apresentar os principais talentos e gaps que identificamos com a pesquisa.

Como anda a liderança brasileira?

Aqui na Crescimentum, entendemos que, para transformar toda a cultura de uma organização de forma estrutural, é preciso não só um ajuste, mas uma intervenção no  sistema e estrutura a partir dos indivíduos.

Acreditamos, assim como o Richard Barrett, que a transformação organizacional começa com a transformação pessoal da liderança. As organizações não se transformam, as pessoas sim.

Logo, se queremos fazer com que os próprios processos e as decisões mudem, a gente precisa evoluir. Ou seja, a consciência da liderança, que é capaz de olhar para os sistemas que ela própria criou, questionar e aprimorar, precisa evoluir.

Só que pra isso acontecer, precisamos de toda inteligência coletiva. Lembrando sempre que problemas complexos não são resolvidos com poucas cabeças. A gente precisa de todas as cabeças e todas as vozes.

Então, que liderança é essa que envolve corações, mentes e estimula a solução de problemas complexos?

Para entendermos melhor o panorama geral das lideranças brasileiras, utilizamos 5 competências que consideramos as mais importantes no contexto atual e que fazem parte da nossa avaliação 360º. É sobre elas que vamos entender melhor a seguir.

5 competências indispensáveis para a liderança brasileira

Antes de mostrar o que descobrimos, é necessário que você saiba que, consideramos o resultado da avaliação de 2.155 lideranças, sendo 62% homens e 38% mulheres.

Além disso, para chegarmos no panorama a seguir, contamos com 24.685 respondentes e consideramos os seguintes pilares:

1- Colaboração

Esse pilar foi o que conquistou a maior média (6,8). Isso nos mostra que a colaboração é, de fato, um destaque na liderança brasileira.

Como pontos fortes da liderança, tivemos: “Trata todas as pessoas com igual respeito”, “Reconhece a importância de formar parcerias dentro e fora da empresa”, Escuta com empatia” e Compartilha recursos e prioriza resultados coletivos”.

Quando unimos esses quatro pontos, podemos inferir que a liderança tem agido com base em uma visão holística do negócio, priorizando os resultados coletivos aos resultados individuais.

Mas a pior nota que identificamos neste pilar foi: Tem dificuldade em promover conflitos produtivos”. O que nos mostra como a liderança brasileira tem dificuldades em dizer o que pensa e buscar conflitos produtivos sem prejudicar o lado relacional. Aqui vale o lembrete: conflito e confronto são duas coisas distintas.

2- Segurança Psicológica

A média neste pilar foi de 6,6 e a questão “É uma pessoa em que se pode confiar” teve destaque, não só aqui, mas em toda a avaliação.

Isso é algo para celebrar, uma vez que, sem confiança, todas as demais habilidades têm seu impacto reduzido.

O ponto fraco desse pilar fica por conta de “Demonstrar vulnerabilidade, assumindo tranquilamente seus pontos fracos e erros”. 

Parece que, na tentativa de transparecer credibilidade e segurança para as demais pessoas, a liderança se coloca nesse lugar de uma liderança heróica, aquela que precisa ter todas as respostas, não demonstrar suas fragilidades ou da área que lidera. 

3- Autoliderança

O pilar da autoliderança conquistou a média de 6,5 e mostra que a liderança brasileira tem um senso de identidade fortemente alinhado e definido já que as questões “Seus comportamentos refletem seus valores pessoais” e “Demonstra entusiasmo para viver seu propósito” estão presentes entre as 10 maiores notas da pesquisa.


Dentro deste pilar, a principal oportunidade de melhoria fica por conta da gestão de emoções, já que “Gerencia com maestria suas emoções, demonstrando paciência e autocontrole” fechou o nosso levantamento no 5º lugar entre as piores notas.

Esse ponto está fortemente ligado à harmonia no ambiente de trabalho, uma vez que a segurança psicológica pode ser fortemente impactada pela gestão mal sucedida das emoções. 

4- Agilidade

E com a média de 5,8 percebemos que a liderança brasileira não tem vivido a agilidade em seu pleno potencial.

Isso fica evidente pela presença de duas questões entre as dez menores notas de toda a nossa pesquisa: “Assume riscos ao tomar decisões, mesmo sem todas as informações, abrindo mão de alguma previsibilidade” que figurou como a pior nota de todas e “Busca realizar testes rápidos e melhoria contínua, e não apenas elaborar planos robustos e completos”.

Além disso, “Tem forte senso de priorização” também aparece como um desafio dentro desse pilar.

O destaque positivo da agilidade fica por conta da questão “Suas ações são primordialmente norteadas para melhorar a experiência dos clientes”. O que significa que nossas lideranças, em um mercado cada vez mais concorrido, estão norteadas para entregar valor aos clientes.

5- Desenvolvimento de pessoas

Sem dúvidas, esse é o maior desafio, considerando que entre os cinco pilares, “Desenvolvimento de pessoas” foi o que recebeu a menor média (5,8).

Aqui, percebemos com o resultado da questão “Empodera o time para que o mesmo possa tomar decisões”, que o desafio é ainda maior.

A pesquisa aponta para uma centralização do poder da decisão, uma vez que essa é uma questão com nota baixa.

O que agrava a competência de desenvolvimento de pessoas é que, quando delega, a liderança deixa de apoiar as pessoas em pontos extremamente importantes para que a delegação aconteça de maneira eficaz, como, por exemplo  “Dedica tempo para treinar e desenvolver pessoas, tornando-as mais autônomas e preparadas“. 

Essa foi a terceira pior nota entre trinta e três questões. Tendo isso em vista, talvez seja mais justo falar que a liderança tem “delargado” ao invés de delegar e apoiar.

Como compreender as transformações que o futuro apresenta?

Você imaginava tudo isso? São muitos dados e aqui é apenas o início dessa conversa, afinal, temos muito o que digerir com esse raio x.

Mas a gente adoraria saber: o que você pensa sobre tudo isso? Clica aqui e conta pra gente lá no Telegram.

Se quiser entender a fundo a nossa pesquisa, conhecer os perfis de liderança disfuncionais e qual é a diferença entre a liderança feminina e a masculina, recomendo que faça o download do nosso eBook completo e inédito com o raio x da liderança brasileira.

Tenho certeza que será uma ótima ferramenta para aprofundar ainda mais todas reflexões que tivemos neste artigo. Para ter acesso ao conteúdo completo, é só clicar aqui.

Nos vemos em breve!

Por Renato Curi, Sócio-diretor e Head de Liderança & Human Skills da Crescimentum