A vulnerabilidade é uma competência essencial para a liderança. Ser vulnerável traz muitos benefícios e isso vem sendo comprovado ao longo dos anos, por estudos e pesquisas conduzidos especialmente pela autora americana Brené Brown.

Sabemos que bons líderes são capazes de expandir valores especiais ​​para suas equipes e organizações. Especialmente agora, isso também significa mostrar fraquezas e enfrentar o risco de ser percebido como um líder “fraco”. 

Acessar a vulnerabilidade é mais difícil para alguns líderes do que outros, e isso deve ser combatido se queremos organizações mais verdadeiras e resilientes. 

Por que a vulnerabilidade é um superpoder?

Nem nos filmes da Marvel os super-heróis são perfeitos. Cada um tem e demonstra um ponto fraco, e é exatamente essa vulnerabilidade que acaba nos aproximando da personagem, já percebeu?

Da mesma maneira, ocorre em nossa vida. Você prefere ter um líder aparentemente perfeito ou um líder confiável, que demonstra ser tão humano e imperfeito como o restante das pessoas? Ser perfeito é uma condição muito sedutora, mas irreal.

No processo de confiança de uma equipe, é importante que todos se sintam bem para demonstrar suas vulnerabilidades, fraquezas, faltas de habilidade, problemas interpessoais, e saber que erros e pedidos de ajuda não serão usados contra cada um.

Uma equipe só deixa de agir na defensiva quando realmente se sente à vontade para se expor e, aí sim, focar sua energia no trabalho e nos resultados.

Mas esse seria o cenário ideal, e na prática, são frequentes os líderes que consideram a vulnerabilidade uma coisa a ser escondida. Crescemos com um modelo mental de que temos que proteger a nossa reputação, mostrar nossos acertos e esconder os defeitos.

As armaduras contra a vulnerabilidade

Ao longo da vida, desenvolvemos diversas formas de combater a vulnerabilidade. Abaixo, destaco algumas crenças e comportamentos comuns para quem usa as famosas armaduras para evitar vergonha e exposição:

  • Tenho dificuldades para dizer que não sei ou que não tenho a resposta;
  • Vulnerabilidade é fraqueza;
  • Eu falo muito dos meus conhecimentos, experiências e realizações;
  • O líder tem que ter todas as respostas, por isso demonstro compreender todos os assuntos;
  • Eu dou conta sozinho;
  • O que minha equipe vai pensar de mim se souberem que eu errei?
  • Sempre coloco uma ideia para que seja melhor que da minha equipe;
  • Vulnerabilidade é interessante em livros, mas não é para mim.

Se você se identificou com alguma dessas frases, é preciso repensar sobre o sentido da vulnerabilidade para você. Segundo Brené Brown,

“Sentir é ser vulnerável. Acreditar que a vulnerabilidade é uma fraqueza é acreditar que sentir é uma fraqueza.” 

Por que devo me tornar vulnerável?

O Search Inside Yourself Leardership Institute (SIYLI) reuniu as principais características que são indispensáveis para o ambiente de trabalho e evolução da carreira, principalmente para quem está na liderança ou quer se tornar um líder.

Para a surpresa de muitos, uma dessas competências é a vulnerabilidade.

O Fórum Econômico Mundial mostra como líderes altamente conceituados, como o chefe da Berkshire Hathaway, Warren Buffett, o executivo-chefe da Apple, Tim Cook, e o presidente e o CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, não têm vergonha de demonstrar suas vulnerabilidades. Todos têm pontos fracos e estão sujeitos a errar.

O ex-CEO da Starbucks, Howard Schultz, elencou vulnerabilidade, transparência e capacidade de pedir ajuda como as qualidades mais subestimadas de um líder, em entrevista à Oprah Winfrey. Schultz comandou a empresa de 1987 a 2000 e entre 2008 e 2017.

“Você deve ser verdadeiro. Não precisa ser vulnerável o tempo todo, mas há momentos em que você terá de mostrar quem você é e não ter medo disso”, disse Schultz, depois de contar que, na primeira semana de volta ao comando da rede, chorou ao pedir desculpas em reuniões.

Para Sérgio Mônaco, especialista em desenvolvimento de lideranças da consultoria de RH Korn Ferry, o maior desafio dos líderes é criar abertura e confiança nas pessoas mesmo em ambientes competitivos. E vulnerabilidade é uma das maneiras de construir relações de confiança.

E o que mais você pode ganhar sendo vulnerável?

  • Conexão emocional
  • Lealdade
  • Cooperação
  • Relações de confiança
  • Autoconsciência e amor próprio

“As pessoas não se importam com o quanto você sabe, até saberem o quanto você se importa.” – Brené Brown

Como praticar a vulnerabilidade?

Para demonstrar vulnerabilidade, você vai precisar de disposição e coragem para se expressar de forma autêntica e franca, fazer coisas sem garantia, correr riscos e deixar em segundo plano o medo de críticas e da reação dos outros.

Esse é um processo bastante delicado, mas que traz benefícios para a vida pessoal e profissional. Então, aqui vão alguns caminhos para praticar a vulnerabilidade:

1- Autoconhecimento

É importante perceber o que é confortável e desconfortável para você. Quais são os gatilhos emocionais que tiram você do sério?

Olhar para dentro, ouvir, conectar-se, descobrir os próprios medos, conflitos, aprendizados, histórias, conquistas e inseguranças. O que você pensa, porque você pensa e como pode usar as emoções a seu favor.

É preciso vulnerabilidade para reconhecer seus pontos de melhoria, estar atento ao que é doloroso e deixar em segundo plano traumas, medos e frustrações.

Entender as próprias vulnerabilidades ajuda você a demonstrar e conviver melhor com isso.

2- Conte a sua história

Divida sua história não somente sobre as suas conquistas, mas também com os seus desafios, medos, superações. O que faz você estar onde está hoje tem total relação com suas histórias, vivências e aprendizados.

Esteja disposto a contar a sua história, em que você acredita, compartilhar o seu propósito, como você se tornou líder e, ainda, algumas das cabeçadas que você deu pelo caminho.

Ninguém espera saber somente sobre seu currículo ou trajetória profissional. Normalmente, o que mais aproxima e conecta são as histórias da vida real. Qual a história por trás da sua história?

 3- Tire a armadura

Esteja disposto a deixar de lado o perfeccionismo e o medo de falhar. 

Experimentar sentir e compartilhar a alegria, que é um lugar incrível de vulnerabilidade. Comemore e compartilhe os bons momentos com quem está ao seu redor e incentive eles a comemorarem e celebrarem também.

Alegria é um dos sentimentos mais vulneráveis. Ao pensar na sua equipe, reconheça pessoas sempre que puder, permita que fiquem empolgados e comemorem sem esperar que algo negativo tenha que vir a seguir.

Pratique a gratidão e se entregue à alegria, mesmo que ela venha em pequenas conquistas.

4- Construa relações de confiança

Se tirarmos o seu cargo e o seu crachá, quem é você em essência? Você está disposto a correr riscos e a dar um voto de confiança primeiro?

A percepção de alguém em relação à coerência entre o que você pensa, sente e age, aumenta sua vontade e disposição para confiar. Como você pode ser o exemplo e fortalecer as suas relações de confiança?

Precisamos confiar para ser vulneráveis e precisamos ser vulneráveis para construir confiança.

5- Peça ajuda

Deixe de lado a crença de que precisa ser o “sabe-tudo”, estar sempre certo e ter todas as respostas. Demonstre a sua vontade de fazer bem feito, acima de estar certo. Aprenda e ouça ideias diferentes da sua.

Se errar, assuma seus erros e mostre a vontade de corrigir, aprender e fazer melhor. Os melhores resultados aparecem em equipes que se sentem à vontade para contribuir, opinar, inovar, errar, aprender e apoiar seus líderes

6- Não evite conversas difíceis

Uma conversa difícil é sobre honestidade, vulnerabilidade e conexão. Normalmente, é um momento difícil, porque você precisa demonstrar o que sente e não sabe o que o outro pode falar ou como irá reagir. Você não tem controle e isso envolve riscos.

Exemplos de conversas difíceis: terminar um relacionamento, uma conversa de feedback, pedir um aumento de salário, demitir alguém, convidar alguém para sair, dizer a alguém que não concorda com seu comportamento, etc.

7- Crie um círculo de segurança

No atual contexto corporativo, um mercado em crise, dinâmico, incerto, rápido, globalizado, multigeracional, complexo, ambíguo, e com maior pressão por resultados e inovação, qual é a mais importante responsabilidade de um líder?  

É criar um círculo de segurança em sua organização, área ou departamento, onde as pessoas não precisem lutar pela sua sobrevivência e senso de pertencimento, e assim, estejam aptas a tornar-se o melhor que podem ser, a tentar coisas novas e propor novas ideias.

Para criar este círculo de segurança é preciso ser vulnerável e autêntico. Afinal, o líder é o exemplo e o ambiente é reflexo de seus comportamentos.

Vulnerabilidade em tempos de crise

E então, preparado para desenvolver este superpoder? Especialmente na difícil fase em que estamos vivendo, falar em vulnerabilidade é essencial para atravessar a crise com mais empatia, segurança psicológica e sucesso.

Com vulnerabilidade, é possível criar um lugar onde:

  1. Haja respeito
  2. Acolhimento e reconhecimento
  3. O feedback seja utilizado para ajudar as pessoas a melhorar
  4. As pessoas e suas ideias sejam ouvidas
  5. A transparência e a confiança predominem
  6. Ninguém perca, mas todos ganhem ou aprendam
  7. O sucesso de um signifique o sucesso de todos
  8. Erros sejam considerados parte da jornada de aprendizado 

Nós, da Crescimentum, acreditamos que líderes verdadeiramente preparados podem mudar o mundo por meio de uma gestão mais consciente, empática, humana e inspiradora. 

O impacto dos comportamentos e crenças de um líder na equipe e na organização como um todo podem expandir o poder de desenvolver as pessoas e alavancar os próprios resultados.

Diante de um momento incerto para o futuro dos negócios, líderes preparados são uma alavanca para o alcance de novos resultados e uma forma de conduzir as organizações com mais assertividade em meio ao caos.

Há 14 anos atrás, a Crescimentum lançou um programa de liderança que revolucionou o mercado de treinamento e desenvolvimento do país: o Líder do Futuro. Desde então, essa imersão já treinou mais de 10 mil pessoas no Brasil e no mundo.

Líderes de diversas organizações já comprovaram o poder de uma imersão em liderança, que vai além da abordagem de conteúdos e ferramentas. 

Toda a experiência Líder do Futuro é feita para que os participantes apliquem novos comportamentos na prática e ampliem suas consciências sobre o impacto de suas ações nos resultados do time e da empresa.

Por isso, estamos realizando o treinamento Líder do Futuro de forma online, a fim de ajudar líderes a desenvolverem as competências-chave para garantir a sobrevivência de suas organizações, por meio de times mais engajados e produtivos. 

Saiba mais sobre o treinamento de imersão que já impactou mais de 10 mil pessoas no Brasil e no mundo!

 

Por Renata Andraus, trainer da Crescimentum