Se você trabalha com T&D, certamente passou os últimos 2 anos tentando resolver a equação: como contribuir o desenvolvimento de novas competências, mantendo o engajamento das pessoas em treinamentos virtuais?

A necessidade de desenvolver soft skills, aquelas competências comportamentais, como trabalho em equipe, relacionamento interpessoal, gestão de conflitos, pensamento estratégico e liderança, nunca foi tão grande.

A pandemia fez tudo virar do avesso e com novos desafios foi exigida uma nova maneira de gerir, liderar, nos relacionarmos, mantendo a produtividade e sem deixar ninguém surtar.

Por outro lado, o impedimento de ações presenciais dificultou demais a vida de quem cresceu e foi criado construindo e ministrando treinamentos presenciais.

Como superar os desafios do treinamento virtual?

Antes de contar as dicas que o Sardek Love deu em sua palestra “Facilitando com Impacto”, na ATD 2022, vou compartilhar nossos aprendizados aqui na Posiciona e na Crescimentum.

Nós fizemos uma virada rápida para esse mundo digital, tanto com treinamento síncronos quanto assíncronos, sem abrir mão da nossa pegada humana, de transformação e conexão. Nós mudamos o canal de atuação, mas mantivemos nossa essência.

O que fizemos na prática? 

Continuamos alinhando os objetivos de negócio e aprendizagem antes do desenvolvimento da cada solução educacional, investindo para compreender mais a fundo os desafios de cada organização por meio de pesquisas, entrevistas e focus group. 

E desenhamos soluções customizadas além, é claro, de manter nossa leveza e conexão em sala de aula, mesmo na virtual.

Incluímos tecnologia na parada? É claro! Compreendemos muito rápido que a tecnologia era algo necessário para nos manter no jogo. 

No entanto, para nos diferenciarmos e causar o impacto desejado, investimos muito na humanização. 

O olho no olho também é possível no virtual, a troca acontece com muita fluidez no chat. É claro que engajamento é desafiador como também é no presencial, mas quis trazer um pouco da nossa experiência para reforçar que as dicas que Sardek apresentou são muito pertinentes e, sim, funcionam. Nós testamos e estamos aqui.

Engajamento no mundo virtual

Sardek fez uma pesquisa para entender quais eram os principais desafios dos facilitadores no mundo virtual e descobriu que para 40% era o engajamento, para 18%, o uso da tecnologia e para 10%, a facilitação.

Focando no engajamento e também no impacto, ele deu uma dica: treinamentos são realizados para tornar pessoas melhores, mais produtivas e motivadas.

Por isso, o primeiro passo para aumentar o engajamento é deixar claro que problema aquele treinamento se propõe a resolver. 

E então, lançou a pergunta: toda vez que você abre a câmera, sendo você um facilitador, você tem clareza se aquele treinamento é para ajudar as pessoas a produzirem melhor, mais rápido ou mais? 

Já até pode imaginar o resultado: cara de paisagem na plateia! Uma coisa é uma estratégia metodológica, outra é um conteúdo duro. 

Considerar que o participante é um ser pensante e que, por mais que os desafios coletivos tenham sido mapeados, os individuais precisam ser considerados, é uma demonstração de respeito e costuma aumentar a participação das pessoas. 

Qual o resultado dessa falta de alinhamento? 

Desperdício! Desperdício de tempo, dinheiro e vida. E na hora do vamos ver? Como “chegar chegando” na abertura de um treinamento? A primeira impressão é muito importante aqui!

Visualize: você para seu dia, senta na frente do computador, abre a câmera e alguém começa a falar do seu currículo e da empresa que representa… não sei você, mas eu desconecto na hora. 

Talvez aquele facilitador me recupere, mas certamente vai ter mais trabalho para isso. Sardek me deixou arrepiada quando mostrou a sua “primeira lei do engajamento” que é: comece fazendo perguntas.

Se na largada você instiga, deixando claro para os participantes que você sabe o que tira o sono deles a probabilidade de ganhar atenção é maior.

É preciso ressaltar aqui que vivemos a era da Economia da Atenção. Com tantos estímulos e informações, manter a atenção das pessoas na sua mensagem só será possível se ela sentir que aquilo é para ela.

E a partir daí, como manter o processo leve e estimular a participação das pessoas?

Sardek deu muitas dicas de atividades e pequenas dinâmicas físicas que ampliam a participação das pessoas. 

Não é porque o treinamento é virtual que ele precisa ser chato.

5 dicas para gerar engajamento em treinamentos virtuais 

O grande resumo das dicas do Sardek está aqui:

1- Dê luz ao problema

Traga o problema para sala e o torne relevante. Exponha o que dói e dê sentido à sua proposta de movimento.

2- Alinhe as expectativas 

Faça um “de/para” entre o que você já sabe sobre aquele grupos e os desafios que ele tem naquele exato momento, 

Explore o contexto atual, peça aos participantes para trazerem as principais mudanças.

3- Relembre outras situações desafiadoras e faça reflexões

Como eles superaram aquela questão do passado? O que foi feito lá atrás que poderíamos estar fazendo novamente? O que deveria ser diferente dessa vez? 

Mapeie possíveis fatores críticos de sucesso considerando a experiência dos participantes.

4- Vincule o treinamento ao “mundo real”

Não se esqueçam que vou falar com minhas próprias palavras: “se fosse fácil já teria sido feito”. 

Traga dados que deixam claro o tamanho do desafio, as tentativas de mudança que já foram feitas, o que impede que aquela mudança flua com naturalidade. 

Considere os desafios que as pessoas têm para fazer algo de forma diferente. É importante que o conteúdo e as atividades propostas ajudem a resolver problemas reais.

5- Faça um call to action

Combine os próximos passos, pergunte ao final do treinamento o que eles pretendem fazer de forma diferente. Essa parada para reflexão e esse convite para a ação é fundamental. 

Acontece que, muitas vezes empolgados em falar, falar, falar, os facilitadores se esquecem que ouvir o processamento individual, estimular o compartilhamento de experiências é que promove uma mudança mais transformacional.

 

Uau! Bastante coisa boa, hein?

Agora pra finalizar eu vou trazer um ponto que o Sardek não verbalizou, mas nos permitiu vivenciar: conduza o treinamento com leveza, cuide da energia que você passa, convide as pessoas a participarem, compartilharem suas experiências e se mexerem. 

O engajamento é um chamado, e se você não fizer com sua fala, com sua metodologia e com sua forma, certamente ele não vai acontecer.

Pra mim está sendo um prazer compartilhar isso tudo com vocês. Mas não para aqui não! Temos uma playlist completa sobre ATD 2022 no nosso canal no YouTube. Vai lá conferir tudo!

Por Carol Manciola, CEO da Posiciona e sócia-diretora da Crescimentum