Que saúde mental está entre as principais prioridades das organizações não é segredo, mas o que muitas empresas ainda deixam de lado na equação é a segurança psicológica como facilitadora nesse processo.
Afinal, criar um ambiente onde as pessoas se sintam confortáveis de serem quem são é o primeiro passo para ter equipes mais saudáveis e engajadas.
Escrevi esse artigo para compartilhar os principais insights do último Manhã com RH que teve como tema “Segurança Psicológica” e trazer 6 pilares para que RHs e lideranças construam um ambiente com segurança psicológica e gerem saúde mental entre as equipes. Vamos lá?
Por que falar de segurança psicológica?
Os números não mentem: a saúde mental piorou para 53% dos/as brasileiros/as.
Os dados, que são do Instituto Ipsos, fazem parte de uma pesquisa encomendada pelo Fórum Econômico Mundial e divulgada pela BBC News Brasil no começo do ano, mostrando a urgência de se abordar o tema hoje.
Mas o que segurança psicológica tem a ver com saúde mental?
Embora muitos/as especialistas não gostem de associar os dois termos, eu penso que é impossível dissociar os dois, afinal um está diretamente ligado ao outro.
O objetivo da segurança psicológica no ambiente de trabalho não é apenas preservar ou melhorar a saúde mental. Pelo contrário, ela está envolvida com resultados, performance, clima organizacional e muitos outros fatores.
Em outras palavras, quando se tem segurança psicológica, a tendência é que exista um contexto de saúde mental muito melhor.
Não à toa, ambientes psicologicamente seguros geram pessoas mais criativas e adaptáveis, que assumem mais riscos, aprendem e cooperam mais.
Grandes desafios
Agora você pode estar se perguntando “mas se segurança psicológica e saúde mental são tão impactantes, por que ainda vemos tantos casos de burnout, depressão e ansiedade dentro das organizações?”.
Foi essa a questão que uma pesquisa da Kenoby respondeu quando descobriu os 4 principais motivos que acarretam a insegurança psicológica no trabalho. São eles:
- Falta de diálogo da liderança;
- Assédio moral e constrangimento;
- Ausência de feedback constantes;
- Metas difíceis de serem batidas.
O interessante é que desses 4 motivos, os três primeiros envolvem a liderança. Assim, fica até mais fácil identificar como essa pauta, embora seja de grande responsabilidade do RH, também exige o alto comprometimento de líderes, não é?
6 pilares para promover a saúde mental nas organizações
Agora que você sabe porque devemos falar sobre esse tema e quais os principais desafios para lideranças e organizações, está na hora de ver alguns caminhos para superar esses obstáculos.
Mas antes de saber quais são os pilares para criar ambientes psicologicamente seguros e com saúde mental, é preciso entender que todos os pontos abaixo devem correr juntos, para que os esforços realmente sejam positivos. Olha só:
1- Diversidade e inclusão
A diversidade é um fato, ela está presente em toda a nossa sociedade. O que acontece é que as empresas estão trabalhando para tornar isso uma realidade também no ambienre corporativo. Por outro lado, a inclusão não é algo a ser conquistado, ela é um direito das pessoas.
É muito importante que RHs e líderes trabalhem juntos para que diferentes pessoas não só sejam trazidas para dentro das organizações – diversidade – mas que elas sejam incluídas dentro dos contextos das equipes, cada uma com sua necessidade.
2- Riscos interpessoais
Quando as pessoas percebem que elas podem ser elas mesmas, elas se sentem seguras para expressar suas opiniões, trazer novas ideias, pedir ajuda, dizer “não sei” e experimentar novos jeitos de realizar tarefas.
E o contrário também é verdadeiro, se o ambiente não permite que pessoas tomem riscos interpessoais, o resultado são equipes menos engajadas, criativas e ousadas.
3- Abertura
Abertura é ter liberdade de gerar e promover conflitos produtivos dentro da organização. Lembrando que conflito é bom, confronto não. Conflitos são necessários, porque tem a ver com ideias e possibilidades.
Quando há espaço para conflitos produtivos, há liberdade para as pessoas discutirem sobre temas sensíveis, trazerem debates para a mesa, além de dar e receber feedbacks constantes.
4- Interdependência
Nascemos dependentes, somos criados/as para sermos independentes e, no final, descobrimos que não é uma coisa e nem outra que faz sentido. Isso porque somos seres sociais, ou seja, dependemos um/a do/a outro/a.
Juntos e juntas podemos crescer mais e obter resultados ainda melhores. E é isso que a interdependência propõe. Se quisermos criar um capital cooperativo, precisamos de interdependência entre as equipes.
5- Atitude frente ao erro
Como o erro é tratado dentro da sua organização? As pessoas têm liberdade de errar?
Estamos em um momento em que o mindset ágil deve fazer parte do contexto da liderança e isso inclui a experimentação e a possibilidade de que aconteçam erros.
Se o resultado do erro for uma cara feia ou uma bronca, a mensagem que você passa para as equipes é “não errem”, mas como consequência não há evolução, criatividade e pensamento diverso. Aprender com erros inéditos é evoluir.
6- Apreciação
Embora seja um pilar não tão utilizado pelas organizações e lideranças, a apreciação envolve a celebração, reconhecimento e valorização por pequenas e grandes conquistas, sejam elas individuais ou coletivas.
Líderes precisam ter a consciência de reconhecer esses esforços, entregas e conquistas das pessoas das equipes.
Profissionais de RH e líderes precisam entender que, quanto mais digital, exponencial, ágil e acelerado o mundo se torna, mais empáticas e humanizadas precisam ser as organizações que buscam maior performance e melhores resultados.
Afinal, de acordo com a Forbes, a saúde de uma organização impacta diretamente em sua forma de lidar com as mudanças e continuar a funcionar com uma cultura de alto desempenho.
Por isso, não basta somente falar sobre o tema, é preciso de ações concretas para se ter resultados efetivos.
Espero que tenha gostado do conteúdo e ele te ajude a entender melhor sobre um tema tão importante para a sociedade e para as organizações. Se quiser assistir à transmissão do Manhã com RH e saber mais do que falei no evento, é só clicar aqui!
Por Marco Fabossi, sócio-diretor da Crescimentum