Recentemente estive em Londres para uma jornada bastante especial: participar do Learning Technologies 2024, um evento que é uma das maiores convenções dedicadas à tecnologia educacional e que foi uma experiência enriquecedora.

A programação contou com diversas sessões simultâneas espalhadas por diferentes espaços. Cada corredor e sala de conferência se transformou em um portal para novos conhecimentos e descobertas inovadoras.

Neste artigo, vou compartilhar 4 tendências que vi por lá e que estão moldando a aprendizagem corporativa, além de como a tecnologia está participando e potencializando esse processo. Vamos conhecer a primeira delas?

1- Complementaridade entre humanos e IA

A convergência entre inteligência artificial e a humanidade vai além de uma simples coexistência.

Durante uma das palestras que acompanhei, Daniel Susskind, autor do livro “Um mundo sem trabalho”, mostrou que em vez de competir, essas duas forças podem se complementar, ampliando as habilidades uma da outra.

Imagine isso: enquanto a IA assume tarefas repetitivas, nós humanos temos a chance de nos redescobrir. Com isso, podemos focar em habilidades puramente humanas – pensar criativamente, resolver problemas complexos e cultivar empatia.

Mas pra isso, é importante ver a IA não como uma ameaça, mas como uma ferramenta que amplia nossas próprias capacidades, tornando o trabalho não só mais produtivo, mas também mais humano.

E esse é o verdadeiro poder da complementaridade: um mundo onde a tecnologia e o toque humano se integram para alcançar novos patamares.

Aliás, aqui estão algumas sugestões de ferramentas de IA que podem te ajudar a otimizar ainda mais o dia a dia e colocar em prática essa complementaridade:

Synthesia: é uma plataforma que usa inteligência artificial para criar vídeos de apresentadores de forma automatizada. Ela permite que os usuários insiram o texto que será lido por um avatar, tornando a produção de conteúdo em vídeo mais rápida e eficiente.

Gamma: é uma ferramenta que facilita a criação de apresentações visuais interativas. Usando IA, ela ajuda a montar apresentações e relatórios dinâmicos, combinando texto, imagens e mídia de maneira eficiente.

Arist: é uma plataforma de aprendizado baseada em mensagens de texto. Ela utiliza IA para criar e entregar cursos de microaprendizado através de mensagens SMS, e-mails ou plataformas de mensagens instantâneas, permitindo um aprendizado mais acessível.

Perplexity: é uma ferramenta de busca que usa IA para responder perguntas de forma precisa e contextualizada. Ela é projetada para fornecer respostas rápidas e relevantes, aproveitando uma variedade de fontes online.

Sana: é uma plataforma de aprendizado que utiliza IA para fornecer experiências educacionais personalizadas. Ela ajusta o conteúdo com base no progresso e nas necessidades do aluno, facilitando a absorção de conhecimento.

2- Realidade virtual como ferramenta de empatia

No Learning Technologies 2024, também tive a oportunidade de explorar como a realidade virtual está se revelando uma ferramenta extraordinária para treinamentos em diversidade e inclusão, abrindo novos caminhos para a aprendizagem.

Em uma das sessões, Stella Collins, Charlie Neuner e Matthew Day, exploraram como essa tecnologia permite que usuários experimentem a vida através dos olhos de pessoas que pertencem a grupos minorizados, enfrentando situações cotidianas carregadas de desafios e preconceitos.

Mostrando que ao “calçar os sapatos” do outro, é possível ir além do entendimento superficial sobre diversidade e inclusão e vivenciar, ainda que brevemente, a realidade alheia, que pode transformar percepções e inspirar mudanças significativas.

Agora, ao invés de apenas ouvir sobre essas experiências, os participantes podem “viver” situações que desafiam seus preconceitos e ampliam sua compreensão da diversidade.

Essa metodologia foi empregada com sucesso por organizações que a utilizaram para simular situações onde os participantes enfrentam discriminação ou preconceito, resultando em uma compreensão mais profunda, empática e fomentando um ambiente de trabalho mais inclusivo.

3- A tecnologia no combate à crise de saúde mental

Em uma outra sessão, Thimon de Jong explorou como a tecnologia pode ser uma ferramenta vital na gestão da saúde mental.

Demonstrou ainda, com um case da Lemonade utilizando IA, como é possível reduzir significativamente a ansiedade dos clientes ao simplificar e acelerar o processo de resposta de seguros.

Mostrou também como este tipo de intervenção tecnológica não apenas melhora a experiência do consumidor durante momentos potencialmente estressantes, mas também como serve de modelo para que outras empresas resolvam problemas humanos complexos.

Além disso, Jong nos apresentou um contraste: um supermercado na Holanda que percebeu que a automação excessiva estava prejudicando a saúde mental de seus clientes.

A solução? Reintroduziram humanos nos caixas para promover interações sociais, desacelerando o processo de checkout intencionalmente para criar um ambiente mais acolhedor, mostrando que a tecnologia deve ser usada com moderação, especialmente em interações que podem beneficiar o bem-estar mental das pessoas.

4- Revolucionando o aprendizado com assistentes e tutoriais inteligentes

Durante um dos painéis, um exemplo impressionante da aplicação de assistentes de aprendizado foi apresentado pelo HSBC.

Utilizando uma plataforma chamada Zenarate, o banco implementou uma forma inovadora de treinar funcionários para interações com clientes através de simulações realistas.

A plataforma permite que a equipe de atendimento interaja com avatares programados para agir como clientes reais, proporcionando uma experiência imersiva que não só melhora as habilidades de serviço ao cliente, mas também oferece feedback instantâneo, personalizado e ajusta o conteúdo didático em tempo real para otimizar a absorção do conhecimento. 

A promessa dessas tecnologias é grandiosa: elas não apenas personalizam o aprendizado para atender às necessidades individuais, mas também têm o potencial de democratizar o acesso à educação de qualidade.

O case do HSBC é um exemplo claro de como tais ferramentas podem transformar o treinamento corporativo em uma experiência mais inclusiva, eficiente e motivadora, preparando as equipes para enfrentarem desafios reais de forma competente e confiante.

O Learning Technologies 2024 acabou, mas as reflexões continuam

Estar em Londres para acompanhar o Learning Technologies 2024 me proporcionou uma visão clara de como as tecnologias estão moldando a aprendizagem corporativa, não só para transformar os ambientes de trabalho, mas também as interações humanas e a nossa compreensão do mundo.

Se quiser entender ainda mais sobre como podemos usar o poder da tecnologia não apenas para atender às demandas do presente, mas também para construir um futuro mais promissor e acessível para todas as pessoas, te convido a clicar aqui e assistir à transmissão completa do Manhã com RH onde explorei ainda mais as tendências e insights que trouxe neste artigo.

Espero que este conteúdo te ajude a gerar reflexões poderosas por aí.

Por Renato Curi, Chief Product Officer da Crescimentum