Por Georgia Bartolo, trainer e coach da Crescimentum
Que tal viver num mundo onde você possa ser exatamente quem você é? Onde as barreiras são visíveis, você desvia e segue seu caminho?
Que tal vivermos, aprendermos e compartilharmos experiências e conhecimentos independente do gênero das pessoas? Que tal respeitarmos e vivermos bem juntos? Elas e eles construindo um mundo melhor…
Os resultados da Liderança Feminina
Mulheres em cargos de alta liderança trazem melhores resultados para as organizações, segundo estudos da McKinsey & Company, Sodexo, Organização Internacional do Trabalho, Credit Suisse Research Institute, entre tantos outros.
O interessante é que, com todos estes estudos e comprovações, a representatividade feminina ainda é pouca se comparada aos cargos de liderança ocupados pelos homens!
Segundo dados de Bid e Instituto Ethos, apenas 13,6% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres nas 500 maiores empresas brasileiras e, destas, apenas 1,6% são mulheres negras.
No Brasil
Estamos falando da realidade brasileira, onde a população é formada praticamente pelo mesmo número de homens e mulheres.
Mesmo com este cenário, falar de Liderança Feminina, ainda gera desconforto em muitas pessoas e organizações como se fosse algo errado ou que trouxesse alguma forma de prejuízo ao país.
Pensando nisso, decidi escrever este artigo para esclarecer pontos sobre este tema e contribuir para a sua melhor liderança.
Segundo a ONU, além de melhores resultados para as organizações, empoderar mulheres e promover a equidade de gênero em todas as atividades sociais e da economia são garantias para o efetivo fortalecimento das economias.
Também é notável o impulsionamento dos negócios, a melhoria da qualidade de vida de mulheres, homens e crianças, e para o desenvolvimento sustentável.
Pensando nisso, a ONU Mulheres criou os 7 Princípios do Empoderamento das Mulheres para que as organizações invistam em equidade de gênero e realizem mais negócios, por meio de planos de ação que potencializem as lideranças.
No Brasil mais de 200 empresas já aderiram aos princípios e no mundo todo são mais de 2000 adesões!
As vantagens da Liderança Feminina
Já iniciamos a transformação da cultura organizacional na qual a valorização do feminino é uma vantagem colaborativa: estrategicamente, ter a sociedade representada na alta diretoria, traz criatividade, que gera inovação, atendimento às necessidades de todos os clientes e, consequentemente, melhores resultados financeiros, retenção e atração de funcionários e fidelização dos clientes.
Simples assim: quanto mais diversidade de gênero na liderança, maiores as chances das organizações atenderem a todos os clientes, homens e mulheres!
Pensando nisso, investir em Liderança Feminina e ações pró Equidade de Gênero fará com que você e a sua organização tenham melhores resultados, sendo eles: financeiro, retenção de funcionários, fidelização de clientes, além de um ambiente mais harmonioso na organização.
Desenvolver a autoimagem da liderança feminina, aliada a autoconfiança para que as relações sejam estabelecidas é o primeiro passo.
Baseado na minha experiência, há mais de 13 anos na área e em muitos estudos e pesquisas, acredito que os programas de Liderança Feminina para a Equidade de Gênero devem ter como base dois pilares:
- desenvolvimento da autoconfiança das mulheres para a superação dos obstáculos intrínsecos que faz com que se autolimitem
- reconhecimento, bloqueio e superação dos vieses inconscientes presentes em todas as pessoas para superar os obstáculos externos
Uma vez estes dois pilares construídos e solidificados é a vez de imergir nas demais competências da roda da Liderança Feminina, construída por mim e pelo meu amigo e professor Danilo Porto, head da área de Coaching da Crescimentum, que inclui: inteligência emocional com ênfase em resiliência; influência para o networking; coaching e mentoria; comunicação e mentalidade estratégica.
Neste artigo, trato do primeiro e mais importante pilar para o sucesso da Liderança Feminina: a autoconfiança.
A autoconfiança
Mas começo lhe fazendo a seguinte pergunta: como está a sua autoconfiança nas competências profissionais?
Uma pesquisa realizada pela HP identificou que as mulheres só se candidatam a uma vaga quando possuem 100% dos pré-requisitos, enquanto os homens enviam seus currículos mesmo se tiverem apenas 60% das habilidades necessárias.
Sheryl Sandberg, hoje COO do Facebook, conta que quando trabalhava no Google muitos homens se candidatavam a novas vagas e projetos, alegando ser a pessoa certa para aquela oportunidade, enquanto poucas ou nenhuma mulher faziam o mesmo.
Além disso, outro ponto interessante é que, segundo pesquisa do Ibope e ONU Mulheres, 73% dos homens consideram muito ou extremamente importante a igualdade de gênero no mercado de trabalho.
E, em uma pesquisa do El Pais e Instituto Locomotiva, para 68% das mulheres a principal barreira para assumir um cargo de liderança é o preconceito dos seus chefes.
Afinal, por que as mulheres se autolimitam tanto? Minha amiga e professora Lucelena Ferreira, autora do livro Mulheres na Liderança, afirma que “Além dos obstáculos institucionais, as mulheres ainda desenvolvem barreiras internas que as prejudicam. Estereótipos de gênero tornam-se profecias autorrealizáveis quando a mulher interioriza as expectativas e os limites que a sociedade lhe impõe, restringindo-se a posturas e comportamentos considerados ‘adequados’ ao seu gênero. Ao introjetar estereótipos que nos fragilizam profissionalmente, podemos desenvolver inseguranças e culpas que levam a um autoboicote nesta área”.
Para Ana Claudia Pihal, diretora do LinkedIn, as mulheres precisam parar de ser tão críticas com elas mesmas e Sheryl Sandberg encoraja as mulheres a se autopromoverem, uma vez que, em geral, as mulheres são educadas para serem modestas.
Relações de confiança
Aprendi no curso de Certificação Profissional em Coaching da Crescimentum sobre a importância das relações de confiança.
Segundo Marco Fabossi, autor do livro Coração de Lider – a essência do Lider Coach, as relações de confiança são formadas por 4 dimensões: autoconfiança, confiança pessoal, confiança interpessoal e confiança realizacional.
A dimensão da autoconfiança inclui: o autoconhecimento, a autenticidade e a vulnerabilidade, de forma que quanto mais nos conhecemos, mais autênticos somos e aceitamos as nossas vulnerabilidades para que possamos nos sentir autoconfiantes.
Neste momento da leitura, pare e reflita: Como você se comporta quando se sente autoconfiante?
Quais contribuições possíveis você entrega quando está munido da sua autoconfiança? E o quanto a sua falta de autoconfiança limita a sua liderança e a suas contribuições?
Pois foi refletindo sobre este tema que percebi que a falta de vulnerabilidade me limitava, fazia com que eu deixasse de entregar as minhas melhores contribuições por medo de errar.
Conclui que eu também me incluía no grupo da maioria das mulheres que se autolimitavam e passei a refletir sobre a minha autoestima.
Uma questão de autoestima!
O quão alta ou baixa é a sua autoestima depende da resposta às seguintes perguntas: como você cuida da sua saúde, dos seus relacionamentos, dos seus estudos, da sua espiritualidade e de suas finanças?
Acredite, quanto mais você se cuida e busca evoluir, mais elevada é a sua autoestima que refletirá na sua autoconfiança e coragem para ir além.
Hoje eu me sinto autoconfiante porque busco evoluir minhas competências e errar é parte do acerto e das conquistas que desejo.
Deixei de me limitar e acredito que depende muito mais de mim, das minhas ações e atitudes do que de qualquer outro elemento externo, o meu sucesso e a realização do propósito transformador de um mundo com mais diversidade de gênero nas tomadas de decisões.
Sinto me pronta e confiante para contribuir para um mundo melhor, com equidade, bom para todas as pessoas. É para este mundo que nós trabalhamos, eu e Jonas, meu companheiro que me impulsiona a ser cada dia melhor.
E você que investiu o seu tempo para ler este artigo, você já faz parte deste time também.
Dizem que o futuro é feminino, eu prefiro acreditar que o futuro é de TODOS. E você, no que acredita?