Cuidar da cultura nunca foi tão importante. E conforme esse tema se torna ainda mais presente na agenda das organizações, o papel do RH estratégico na transformação cultural é a chave para obter sucesso. 

Recentemente, abordei este tema em nosso Manhã com RH Online, onde contei com a experiência de duas profissionais que compartilharam experiências reais em processos de transformação cultural. 

Raquel Pieroni, Diretora de Gestão Corporativa e de Pessoas do CPQD, e Eliana Cachuf, Chief of People & Organization Officer da Arteris S.A. contribuíram com suas vivências em jornadas de transformação cultural, trazendo suas experiências e dicas.

Neste artigo, compartilho alguns dos principais insights que o evento trouxe e, ao final, trago 7 competências e habilidades que você, profissional de RH, deve ter para ser mais estratégico e apoiar a evolução cultural da sua organização.

O que é um RH estratégico?

Como você bem deve saber, a área de RH já passou por diversas mudanças. Há algum tempo, quando falávamos de um RH estratégico, falávamos sobre repensar o modelo de gestão de pessoas, olhando para as atividades burocráticas e processuais. 

Podemos dizer que antes, o objetivo era otimizar os processos, gerando maior produtividade e menores custos. Isso ainda era muito restrito internamente à área de Recursos Humanos, sem uma visão tão macro do negócio. 

No entanto, a área de RH tem evoluído e se transformado. Afinal, lidar com pessoas exige evoluir conforme as coisas mudam! É por isso que falar de RH estratégico hoje não é a mesma coisa que era há alguns anos. 

Com o passar do tempo, surge um paradigma novo: para ser estratégico, o RH deve ser um influencer, influenciando comportamentos e opiniões na empresa. Mas o que isso significa efetivamente?

Significa que, além do conhecimento técnico, outras competências são essenciais: a comunicação, conexão com a organização como um todo, a capacidade de se antecipar às mudanças, de mudar junto com o mundo e de se reinventar.

Ser estratégico hoje é fazer a ponte entre as necessidades do negócio e como as pessoas podem atender a essas demandas. Em outras palavras, é um papel de tradutor entre os objetivos da organização e as formas de realmente conquistá-los. 

O RH e a jornada de transformação cultural

Falando especificamente sobre processos de transformação cultural, um RH estratégico é aquele que tem a capacidade de conectar a cultura com a estratégia. 

Pode parecer simples, mas, no dia a dia, um dos grandes desafios do RH é o de convencer a alta liderança de que essa é uma pauta que deve (e com urgência) ser colocada na agenda. 

Recentemente, a Deloitte divulgou uma pesquisa intitulada “Respostas à crise da Covid-19” e esta pesquisa envolveu 1.007 executivos, representando 662 empresas com sede no Brasil. 

Nessa pesquisa, 60% das empresas compartilharam que sentem a necessidade de mudança do modelo de trabalho e da cultura organizacional. 

Esse resultado já é argumento o suficiente para mostrar a necessidade de estreitar o nível de alinhamento entre a estratégia, a cultura e a liderança (que funciona como uma cascata para toda a organização). 

Como RH influenciador, o seu papel é se apropriar deste tema e mostrar que cuidar da cultura pode trazer resultados tangíveis para o negócio. Isso fará com que os executivos compreendam na prática a relevância das ações de transformação cultural. 

No entanto, não podemos assumir que a liderança está 100% preparada para isso. Assim, temos um papel importante de reconhecer os gaps dessa liderança e trabalhar para compartilhar um propósito alinhado.

Quando falamos de estratégia, nenhum processo de transformação cultural será bem-sucedido se não houver um link da transformação com o engajamento das pessoas. A cultura deve entrar como uma pauta estratégica e ser reconhecida por todos os executivos. 

7 passos para ser um RH estratégico na transformação cultural

Agora, quais são as competências essenciais de um RH estratégico? Isso é um dos principais pilares para construir uma equipe robusta e completa, que compreenda a importância e impactos da área no ecossistema da organização. 

1- Relações de confiança

O profissional de RH tem que ter credibilidade pessoal. Diferente de outros departamentos, é a área de RH que as pessoas buscam quando tem problemas. Por isso, tudo o que um profissional de RH fala é levado com um peso diferente. 

Dessa forma, é importante que o profissional de RH construa uma carreira baseada em credibilidade e confiança. 

2- Jornada de desenvolvimento pessoal

Quanto você investe em sua jornada de crescimento intelectual? Um RH estratégico precisa estudar e se aperfeiçoar constantemente. Afinal, precisa demonstrar que tem argumentos plausíveis e baseados em dados. 

Conquistar o cliente, gestor ou líder, requer ter uma jornada de evolução de consciência enquanto profissional, para saber lidar com problemas novos e complexos a todo o momento. 

3- Autoconhecimento

Todo bom profissional de RH deve focar em seu autoconhecimento. Isso porque, no dia a dia, terá que lidar com o outro constantemente e, sem equilíbrio emocional, não será possível lidar com problemas e questões humanas. 

4- Gestão de conflitos

Navegar por todos os níveis da organização também exige uma habilidade de gestão de conflitos. Como profissional de RH, você terá que saber equalizar o que é o individual, pensando no bem do coletivo. Jogo de cintura, negociação e resiliência são essenciais. 

5- Comunicação

Uma boa comunicação e transparência é essencial em qualquer organização que realiza transformações bem-sucedidas. Para o RH isso é um grande desafio, porque deve tratar diferentes níveis hierárquicos de forma cuidadosa, com atenção e percepção do todo. 

6- Liderança

Muitas vezes, o RH fica inseguro sobre quais os próximos passos a tomar, ou até mesmo se deve iniciar algo. A coragem de tirar as coisas debaixo do tapete e trazer problemas à tona é essencial. 

O RH deve assumir essa liderança e ocupar esse espaço. Para isso, fundamentar tudo em dados é uma ótima forma de começar.

7- Cocriação

Envolver todos os colaboradores é essencial para chegar a quais são os valores compartilhados entre a organização e as pessoas que fazem o trabalho acontecer. Afinal, a cultura pode surgir da alta liderança, mas é sustentada pelos colaboradores. 

A participação das pessoas é um elemento chave no momento de ressignificação da cultura. Por isso, cocriar com todos os níveis no ecossistema da empresa é essencial, tornando mais fácil que as pessoas se apropriem dos valores. 

Está desafiador transformar a cultura da sua empresa?

Muitas vezes falar de cultura pode parecer muito intangível. Realmente, esse processo é muito particular para cada organização, dependendo de seu estado atual e estado desejado. Não existe cultura certa ou errada.

Nesse aspecto, o mais importante é conversar com as pessoas e envolvê-las para construir uma nova cultura a partir delas. Pessoas querem falar, cocriar, participar. Então, utilizar isso para fundamentar seu processo de transformação cultural é essencial. 

Este é um período super produtivo, porque a maioria das organizações está mais consciente e atenta a como estão as pessoas, processos e objetivos da empresa. 

Em outras palavras, este é o momento ideal para repensar e contribuir para a evolução dos negócios! Pensando nisso, disponibilizamos a gravação do Manhã com RH Online caso você queira assistir ao conteúdo e saber mais sobre este tema. É só clicar aqui

Antes mesmo da pandemia, uma pesquisa empreendida pela PwC revelou que 76% dos líderes corporativos brasileiros afirmavam que cultura organizacional já era um tema relevante em suas agendas.

Por isso, contamos com soluções de Gestão da Cultura Organizacional para apoiar a sua empresa nessa jornada.

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Por Guilherme Marback, sócio-diretor e head de Cultura Organizacional da Crescimentum