Apesar de ser um dos livros de negócios mais vendidos no mundo, “A Estratégia do Oceano Azul” ainda é um livro desconhecido para a maioria dos brasileiros. O livro foi escrito por Chan Kim e Renée Maugbourne, ambos professores de Planejamento Estratégico da melhor escola de estratégia do mundo, o Insead.

Assim que li o livro percebi que se tratava de um livro diferenciado. Foi escrito com base num estudo de 150 movimentos estratégicos feitos nos últimos 100 anos, em 30 indústrias diferentes. Até aí nada de novo. Diversos estudos e teorias do mesmo gênero resultaram em outros tantos livros.

O que chama atenção na “A Estratégia do Oceano Azul” é a sua praticidade e o foco do trabalho. O livro oferece uma abordagem sistemática e simples para tornar a concorrência irrelevante. Enquanto os outros trabalhos focam em como vencer a concorrência, essa metodologia foca em como criar novos espaços de mercado, aonde ainda não existem concorrentes. Isso definitivamente me chamou a atenção.

Resolvi então me aprofundar no tema e na metodologia aonde ela foi criada. Fui fazer o primeiro curso oferecido pelo próprio Insead sobre o tema. O curso foi ministrado por professores do MBA da escola e também pelo próprio Chan Kim.

Mas o que é afinal um oceano azul? Os oceanos azuis são exatamente os mercados inexplorados, sem concorrentes. Chan Kim compara esses mercados com o mercado tradicional, os oceanos vermelhos, aonde as empresas competem por cada porção do mercado de forma sangrenta. Oceano vermelho representa todas as indústrias existentes atualmente.

Os oceanos vermelhos têm as seguintes características:

  • Os limites industriais são definidos e aceitáveis, e as regras do jogo são claras.
  • As empresas tentam superar suas rivais para conseguir a maior parte da demanda
    existente.
  • Enquanto o espaço vai lotando, a perspectiva de lucro e crescimento vai diminuindo.

Já os oceanos azuis representam todas as indústrias que não existem atualmente. Eles têm como pontos marcantes:

  • Cria-se a demanda e não há briga por ela.
  • Há uma grande oportunidade de crescimento rápido e lucrativo.
  • Rompem o paradigma custo X qualidade.

Infelizmente, a maioria das empresas aparenta estar calma nos seus oceanos vermelhos. Em um estudo com 108 empresas foi constatado que a indústria já oferece. Segundo os autores, a maioria das empresas segue os oceanos vermelhos porque a estratégia Corporativa é fortemente influenciada pelas estratégias militares.

A estratégia militar é confrontar um oponente e tirá-lo do campo de batalha – oceano vermelho. O oceano azul, por sua vez, é sobre fazer negócios onde não há competição. É sobre criar novas terras. É claro que a competição importa, mas focando só em competição, as empresas e os consultores têm ignorado dois aspectos importantes da estratégia:

  1. Encontrar e desenvolver mercados onde tem pouca ou nenhuma competição.
  2. Explorar e proteger os oceanos azuis.

Para mudar esse quadro, a solução é mudar o modelo mental dos planejadores e profissionais de marketing. Mas qual é então tipo de estratégia lógica necessária para a criação de um oceano azul? Alguns pressupostos são chave:

  • Os criadores de oceanos azuis nunca utilizam como parâmetro a competição.
  • Eles tornam a competição irrelevante, criando um valor para consumidores e para a própria empresa.
  • A estratégia do oceano azul rejeita a ideia convencional que não há como aumentar valor sem aumentar o custo e vice-versa.
  • As empresas podem criar um ótimo valor para seus clientes, por um baixo custo.

Empresas que criam oceanos azuis usualmente tiram proveito do benefício de não serem desafiadas por 10 ou 15 anos. A razão é que a estratégia do Oceano Azul cria um obstáculo econômico e cognitivo para as imitações.

Oceanos azuis geram uma escala econômica muito grande em pouco tempo, colocando os imitadores em desvantagem e políticas organizacionais podem impedir a troca do modelo de negócios dos competidores para um modelo de oceano azul.

Em outras situações, esforços para imitar um criador de oceano azul é conflitante com marcas já existentes. Independente de ser uma estratégia consciente ou não, os oceanos azuis sempre existiram.

Um exemplo típico de oceano azul é o Cirque Du Soleil. Num momento em que a grande maioria dos circos tinha prejuízos e o mercado se mostrava pouco atraente, o Cirque criou um espetáculo diferente, que passou a atrair não somente os antigos frequentadores de circo, mas também os fãs de teatro e musicais.

Desde a sua criação até hoje o Cirque du Soleil nada num oceano azul, lotando seus espetáculos com preço mais alto e custos menores que os de um circo tradicional. Assim como o Cirque du Soleil, temos vários outros exemplos como a Nintendo com o wii, a Dell com a venda direta, entre outros.

O segredo para encontrar um oceano azul está na mudança de modelo mental e na utilização das ferramentas desenvolvidas pelos autores. Através das perguntas certas e um processo bem estruturado, é possível buscar novos oceanos azuis.

E a sua empresa, está nadando no oceano vermelho ou está em busca de um oceano azul?

Por Arthur Diniz, CEO da Crescimentum