Depois de 2 anos de pandemia é difícil acreditar, mas estamos na ATD 2022: o maior congresso de T&D do mundo! 

São 4 dias intensos de muito conteúdo e, é claro, que eu não poderia deixar de compartilhar com você os principais insights que vou ter ao longo desses dias aqui em Orlando, nos Estados Unidos. 

Vamos aos aprendizados do 1º dia!

Aprender para trabalhar ou trabalhar aprendendo?



“Usualmente aprendemos para fazer nosso trabalho. Agora aprender é o nosso trabalho”.

Adorei ouvir essa frase na primeira palestra que assisti aqui. Lembrei de uma entrevista que dei no final de 2020, quando fui perguntada sobre quais as competências do “vendedor do futuro”. 

No contexto pandêmico, com as vendas digitais e remotas dominando o mercado, essa era uma pergunta comum, mas nesse dia eu respondi: não só pra vendedores, mas qualquer profissional que deseja se manter e performar no mercado a principal competência é aprendizagem.

Num mundo que muda tão rapidamente, é preciso ligar nosso radar e aprender a aprender, aprender rápido, aprender com tudo e aprender cada vez mais.

10 motivadores da aprendizagem

Na palestra da Sarah Bacerra, ela fez um gancho dessa necessidade com os desafios das organizações e listou 10 ativadores do desejo de aprender. 

A questão é que nem sempre o que o colaborador deseja aprender ou acha que é necessário aprender é o que a organização quer que ele aprenda. Por isso, reconhecer os motivadores da aprendizagem pode ajudar nesse match. Olha só:

1- Identidade futura

Quando o conteúdo é relevante para a identidade futura do aprendiz, para um próximo de carreira ou um movimento pessoal que ele deseja fazer

2- Valor intrínseco

Quando o tema gera alguma conexão emocional, curiosidade, desperta a vontade de crescer, permite se expressar, conecta-se ao propósito do aprendiz.

3- Valor utilitário

Aquele aprendizado tornará o aprendiz mais produtivo, facilitará seu trabalho ou o ajudará a se destacar e, quem sabe, ganhar mais.

4- Custo de oportunidade

O nível de energia empregado leva o aprendiz a querer aprender mais sobre o tema. 

5- Delay time

Apresentar em quanto tempo será possível perceber os resultados das mudanças proporcionadas pelo aprendizado.

6- Esforço pessoal

O esforço do aluno ao longo da experiência de aprendizado já o permitirá alcançar os resultados desejados.

7- Suporte social e conexão

Conexão com outros alunos, oportunidade de compartilhar experiências e incentivar-se mutuamente.

8- Crença sobre aplicabilidade

O aluno terá tempo e foco suficiente para fazer um bom trabalho com aquele conteúdo.

9- Disponibilidade de recursos

O aluno tem todos os recursos sugeridos no treinamento à sua disposição para alcançar com sucesso os resultados desejados.

10- Autonomia

Proporciona confiança e autoridade para o aluno tomar decisões e sentir que será capaz de fazer a mudança acontecer.

 

De uma maneira geral, as pessoas são motivadas a desenvolver competência e resolver problemas por meio de recompensas e punições, mas muitas vezes têm razões intrínsecas para aprender que podem ser mais poderosas.

Os alunos tendem a persistir na aprendizagem quando enfrentam um desafio gerenciável (ou seja, nem muito fácil nem muito frustrante), e quando veem o valor e a utilidade do que estão aprendendo.

Em qualquer processo de aprendizagem, é importante lembrar que a motivação é uma condição que ativa e sustenta o comportamento em direção a um objetivo. 

Isso é fundamental tanto para a aprendizagem quanto para o sentimento de realização ao longo da vida e considera tanto ambientes informais como ambientes formais de aprendizagem. 

Segundo Sarah, para promover a real a transformação é  preciso atender às várias preferências do aluno, proporcionar a aprendizado social e estimular a formação de hábitos.

Parece óbvio né, mas a gente sabe o quanto é desafiador.

9 competências para liderar além do cargo

 


O tema da segunda palestra aqui foi… LIDERANÇA!

Aliás, esse é um dos temas mais badalados aqui na ATD, o que mostra que esse é um desafio do mundo inteiro.

O palestrante David Kelly apresentou alguns comportamentos de liderança que, quando praticadas, ajudarão líderes a se desenvolverem.

 David fez aquela comparação que, quem me acompanha, sabe que adoro: você não é o que você pensa é, você é o que você comunica e, segundo uma frase atribuída a Lao Tse “a alma não tem segredo que o comportamento não revele”.

Ou seja, não é ter um cargo de líder. Ser líder é se comportar como líder. Liderança não é o que você faz, é como você faz. 

Respira fundo e bora. É desafiador, mas é muito possível.

1- Integridade

Ser íntegro é agir com protagonismo e responsabilidade, reconhecendo erros, evitando desculpas e priorizando objetivos sobre preferências pessoais. É cumprir promessas e dar crédito.

Para desenvolver a integridade a dica é: seja “advogado do diabo” de si mesmo quando tomar suas próprias decisões

2- Inovação

Uma liderança inovadora dá às pessoas liberdade de falhar, aloca recursos em novas ideias (mesmo que o único recurso seja o tempo), dá espaço para considerar novas ideias, reconhece contribuições e celebra o sucesso e se mantém atualizado sobre as tendências. 

A dica de David para aprender a ser inovador é fazer brainstorming considerando as restrições impossíveis.

3- Saber ouvir

Ouvir sem julgamento, fazer perguntas que ajudam a melhorar a compreensão sobre determinado ponto de vida, resumir o que foi dito para confirmar o entendimento, e resistir ao desejo de interromper. 

Uma dica para aprender sobre essa competência é, primeiramente, reconhecer a necessidade de desenvolvê-la. Para isso pergunte às pessoas o que elas acham da sua escuta ativa.

4- Empatia

Não basta se intitular alguém empático. Ser empático é se colocar no lugar dos outros, esforçar-se para compreendê-los mesmo não sentindo o que sentem, ampliar sua perspectiva sobre mundo e, como falamos sempre por aqui, reconhecer seus privilégios entendendo que nem todos “largam” do mesmo lugar na corrida da vida. 

E essa, inclusive, é a dica de David: reflita onde você pode ser mais privilegiado, afortunado ou ter até mais “sorte” que os outros.

5- Confiança

A quinta competência é confiança, que é um misto de oferecer confiança e ser confiável. 

Para isso é importante ter clareza de prioridade, estar preparado para se sentir seguro e passar confiança, estar disposto a aprender com os outros, ser capaz de tomar decisões com agilidade (que é diferente de pressa) e um detalhe, que é usar uma linguagem corporal que inspire confiança.  

A dica do David para desenvolver confiança é perguntar a si mesmo: do que tenho medo?. 

E aqui vem aquela combinação de confiança com coragem: coragem é confiar na sua capacidade de lidar com o desconhecido, é sua disposição para ir apesar do medo, confere?

6- Ser visionário

David define um líder visionário como aquela pessoa que vê possibilidades que outros não enxergam, alguém que descreve uma visão que permite aos outros também verem, que constrói planos para tornar essa visão realidade e inspira as pessoas a realizá-la. 

A dica para treinar essa competência é agendar sessões de pitch para praticar a comunicação de uma visão.

7- Comunicação

Para isso é preciso ser assertivo, manter o foco no objetivo, no impacto que se quer causar, inclusive sendo capaz de reconhecer pistas não verbais, mas sem perder a autenticidade. 

Saber se comunicar é também saber dizer não quando necessário. 

A dica para desenvolver essa competência é a regra dos 3 emails: se um assunto precisa de mais de 3 e-mails para ser resolvido, ligue ou convoque uma reunião.

8- Tomar decisões

Essa é uma competência muito exigida da liderança e pode ser observada em líderes que coletam informações e usam dados, reconhecem e superam preconceitos, avaliam o valor da solução implementada, sabem calibrar o peso das decisões sobre o coletivo e o individual. 

Para desenvolver essa competência comece a fazer uma lista de prós e contras.

9- Resolver problemas

Observa-se essa competência em líderes que definem o problema para si e para os outros, pesquisam informações básicas e estudam soluções possíveis, geram algumas soluções possíveis ao invés de uma única, consideram as restrições para não serem irrealistas. 

A dica para desenvolver essa competência é convidar o time para jogar um jogo de solução de problemas.

Gostou?

Competências conhecidas, comportamentos desejáveis e dicas simples para se tornar um líder mais efetivo.

E aqui vai uma dica minha: sim, precisamos de líderes humanizados, mas também precisamos humanizar a liderança reconhecendo que não é fácil liderar, não é fácil se livrar de alguns modelos mentais.

Líderes também sofrem, se cansam e precisam de reconhecimento, enfim: líderes também são gente.

Muitas vezes uma dica simples e aplicável pode fazer toda diferença no reconhecimento da necessidade de desenvolvimento e num primeiro passo rumo a sua evolução.

Espero que tenha gostado dos insights. 

Fica de olho no nosso YouTube para não perder a cobertura de todo o congresso, tem muito conteúdo por vir! Até mais.

Por Carol Manciola, CEO da Posiciona e sócia-diretora da Crescimentum