Vivemos uma crise que tira todos nós de nossas zonas de conforto. Neste momento, precisamos de líderes excepcionais, não apenas nas grandes corporações, mas em hospitais, escolas e lares.
Grandes líderes são aqueles que, mais do que nunca, nos ajudarão a superar nossos medos, limitações, egoísmos, incertezas, fraquezas e os inimagináveis desafios que este momento confere.
Verdadeiros líderes são capazes de canalizar nossos medos e pesares, transformando-os em ações melhores e muito além do que pensávamos sermos capazes. Ronald Reagan, 40º presidente dos Estados Unidos, expressou essa ideia em uma brilhantes frase:
“O maior líder não é, necessariamente, aquele que realiza as coisas mais extraordinárias, e sim aquele que faz com que as pessoas superem os seus limites e realizem coisas extraordinárias.”
Trabalho com liderança há mais de 16 anos e já passei por algumas crises como empresário. Estive ao lado de líderes corajosos e brilhantes, mas sei com toda certeza que a liderança não é uma característica genética.
A capacidade de ajudar os outros a triunfar sobre as adversidades vai além de uma competência nata. Bons líderes são feitos em momentos de crise! Notórios líderes se tornam reais especialmente em mares turvos.
Neste artigo, compartilho com você alguns insights e aprendizados que tive ao longo da minha carreira e, especialmente, nas últimas semanas – nas quais também tive que reaprender muito.
Reconheça os medos e encoraje pessoas
Enquanto CEO, uma das primeiras medidas que tomei ao aceitar que vivemos em tempos de crise foi reconhecer que as pessoas estão com medo. E com razão. Assim como o COVID-19, a incerteza também foi altamente disseminada neste momento.
Cuidar de sua equipe é mais que essencial. Afinal, mesmo em uma maré turva, estamos todos no mesmo barco agora. É preciso reconhecer que a maioria de seus colaboradores está preocupada com a saúde, as finanças e, em muitos casos, o trabalho.
Este é um estágio onde qualquer previsão é sem muita referência. Então, explique que você entende como as coisas são assustadoras, mas que podem trabalhar juntos para enfrentar esta tempestade. Como bem colocado por Chuck Swindoll,
“Todos nós somos diariamente confrontados com uma série de grandes oportunidades que surgem brilhantemente disfarçadas de situações impossíveis.”
Embora não tenhamos a clareza do que vai acontecer, precisamos ter clareza do que queremos. Essa é uma fase difícil e desafiadora mas, como eu disse, é apenas uma fase e vai passar. Como podemos, então, sairmos melhores dela?
Exercite a Inteligência Emocional
Os altos e baixos são muito presentes em tempos de crise. Neste momento, mais do que nunca, uma competência que um líder sempre precisou ter, mas que agora precisa mais do que nunca, é a inteligência emocional.
Isso porque o líder precisa demonstrar equilíbrio e tranquilidade para as pessoas, ao mesmo tempo em que passa uma mensagem de que a crise existe e é real para todos.
Assim, o líder deve passar uma mensagem que é dúbia. Uma primeira mensagem é “fique tranquilo, vai melhorar”. Mas ao mesmo tempo, não adianta dar um cenário mágico, quando sabemos que não é.
A transparência é essencial neste momento. Muitos líderes podem cair na armadilha de omitir informações importante de sua equipe, mas esse é o momento de falar exatamente a verdade.
Então, fornecer a honestidade, mesmo que ela seja brutal, é de tamanha importância! Posicione sua equipe sobre a real situação da empresa, fluxo de caixa e demais questões práticas, e diga que estão trabalhando para que todos fiquem bem.
Eu complemento com algo que pratico todos os dias e que, para mim, talvez seja uma das práticas mais importantes para exercer a Inteligência Emocional neste momento: a meditação.
Este é o momento de meditar por todos os motivos do mundo: por um mundo melhor, pelo fim da crise, pela tranquilidade e equilíbrio e pela saúde. Então, quando falamos sobre encontrar o seu equilíbrio pessoal, a meditação é minha grande dica.
Envolva as pessoas na construção de algo maior
Na crise atual, os líderes devem lembrar as pessoas do porquê seu trabalho é importante. Para algumas empresas que prestam serviços essenciais a este momento, como hospitais, farmácias, mercados, equipamentos de saúde, entre outros, isso pode ser óbvio.
No entanto, para outros nichos, é de vital importância que você enfatize o papel principal que cada pessoa desempenha. Em negócios que estão com atividades suspensas temporariamente, a nova missão pode ser ajudar os outros, mesmo que de forma mínima.
A pior coisa, neste momento, é deixar as pessoas sem trabalhar. São tempos complexos e as pessoas precisam se sentir pertencentes a algo. O seu papel como líder é trazer esse senso de propósito, para inspirar pessoas a segui-lo nessa jornada.
Como coloca Joe Namath, ex-jogador de futebol americano:
“Para se tornar um grande líder, você tem que fazer as pessoas quererem seguir você, e ninguém quer seguir alguém que não faz ideia de onde está indo.”
O que aconteceu na Crescimentum e que me deixou muito satisfeito foi o surgimento de novos líderes encabeçando ações. Enquanto algumas pessoas paralisaram, outras tomaram a frente e assumiram a liderança de uma maneira surpreendente!
Com esses novos líderes ascendendo, conseguimos criar novas soluções e ideias que, até então, nunca haviam surgido. Criamos diversas formas de manter a nossa contribuição para a sociedade em um momento difícil para todos.
Começamos a criar produtos que, muito provavelmente, serão de grande valia para o pós-crise. A criatividade, portanto, surgiu de forma extraordinária. Isso tudo porque pensamos: como podemos agir diante do atual momento? O que fazemos agora?
Acredito muito na frase de Jack Welch, escritor e empresário:
“Encare a realidade como ela é hoje, não como foi um dia ou como você deseja que seja.”
O que precisamos entender é que as empresas devem continuar trabalhando, mas em outro modelo. Isso é chave quando pensamos na sobrevivência de nossas corporações.
Reinventar seu modo de trabalhar, seus serviços, processos e soluções, é primordial.
Se todos focarem apenas no futuro, nada será feito.
Então, devemos continuar buscando resultados e inovação, mas com equilíbrio e sem deixar de cuidar da equipe neste momento.
Como já falamos em outros momentos, a segurança psicológica tem um papel tão significativo que, quando ameaçada, impede a máxima performance. Então, seja um líder que inspira propósito, bem-estar e confiança.
Confie, empodere e incentive o protagonismo
Quero destacar uma palavra crucial neste momento: o protagonismo. Como mencionei anteriormente, fiquei muito surpreso com o surgimento de novos líderes neste momento complexo dentro da Crescimentum.
Pessoas que, antes, ficavam “fora dos holofotes”, passaram a assumir mais responsabilidades, atuando de forma mais proativa e propositiva. E por que essas pessoas se destacam neste momento?
Por que passaram a protagonizar o processo de transformação da empresa, entendendo como que são personagens centrais neste momento. Para isso, é essencial que a confiança e autonomia sejam presentes.
Se, por um lado, líderes devem dar autonomia para suas equipes, acreditando que encontrarão as melhores resoluções para o trabalho, por outro, liderados devem confiar em seus líderes, fornecendo informações cruciais e auxiliando como podem.
Em ambientes onde o microgerenciamento acontece, líderes estão carregados de medo e, assim, exercem o controle. E o problema do controle é que não se controlam pessoas, apenas coisas. O controle impede a inovação e o protagonismo fica bloqueado.
O líder deve ser capaz de empoderar as pessoas para que essas personagens surjam. Com o protagonismo, é possível além do que se espera!
Pessoas protagonistas fazem toda a diferença na empresa, porque batalham para encontrar as melhores alternativas em cenários complexos e desafiadores. O objetivo de pessoas protagonistas é contribuir de forma positiva para a empresa. Isso é puro Ownership!
Aprenda com a tempestade e saia mais forte
Se essa é sua primeira crise enquanto líder, tenha em mente que não existe um manual de instruções que nos direcione com assertividade neste momento. Para enfrentar esta fase, você deve se acostumar com toda a incerteza e caos.
Comprometa-se a navegar por este mar turbulento ajustando, improvisando e redirecionando as remadas de acordo com as mudanças e novas informações que surgem.
Além disso, entenda que você, líder, também cometerá erros e o importante agora é mudar a rota e aprender à medida que tudo acontece. Conforme avançamos neste cenário nebuloso, é possível ver o que se apresenta e tomar novas ações.
Enfatize à sua equipe que você conta com o apoio de todos, para que juntos possam aprender o caminho a seguir, experimentando novas formas de agir e aprendendo com ocasionais falhas.
De fato, embora tempos de crise sejam períodos extremamente desafiadores para líderes, neles se apresentam as maiores oportunidades de conduzir equipes com excelência. É a sua oportunidade de gerar uma contribuição positiva para as pessoas e para a organização.
Como líder, essa é uma excelente oportunidade de entender melhor seus pontos fortes e fracos, e o que realmente envolve e motiva seus interesses. Você será lembrado por sua gestão, consigo mesmo e com os outros.
Mais do que isso, será lembrado por como se conecta e persevera diante do caos. Então, como você, sua equipe e sua organização podem emergir desta experiência mais fortes?
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Por Arthur Diniz, CEO e fundador da Crescimentum